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Manifestação da cultura popular e parte da identidade brasileira, principalmente no Norte e no Nordeste, a música brega agora tem um dia para chamar de seu. Com a entrada em vigor de uma lei que nasceu na Câmara dos Deputados, 14 de fevereiro passa a ser o Dia Nacional do Brega.
O projeto que originou a nova lei foi apresentado pelo deputado Pedro Campos (PSB-PE), em 2023. A data foi escolhida por ser o dia do nascimento do cantor recifense Reginaldo Rossi, conhecido como o Rei do Brega, que faleceu em 2013.
Na opinião do professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, Thiago Soares, a criação de um dia para comemorar o brega vai dar mais visibilidade ao estilo musical e facilitar o acesso dos artistas a políticas públicas.
“Nacionalizar o brega é mostrar o quanto a expressão da música brega, da cultura brega, ela precisa ser olhada pelo poder público, ela precisa ter editais específicos, precisa ter um acolhimento dos artistas, das festividades, que dizem. Então quando a gente tem uma lei aprovada que dedica uma data específica pro brega, a gente tem aí um olhar acolhedor para essa expressão cultural.”
Pedro Campos ressalta que o termo “brega” é complexo. Isso porque, segundo lembra, ele não se limita a um único estilo, mas abraça uma ampla gama de expressões artísticas que compartilham características comuns, como a ênfase nas emoções, melodias cativantes e letras que muitas vezes abordam temas românticos de maneira intensa e dramática.
O professor Thiago Soares explica que o gênero musical pode ser divido em três grandes eixos. Um deles representado pelo que chama de romântico masculino, que tem como figura emblemática Reginaldo Rossi. A outra vertente seria o estilo romântico feminino. E atualmente, o pesquisador afirma que ocorre um movimento de jovialização do brega, com a incorporação de elementos mais dançantes que deram origem ao que denomina de bregafunk.
Thiago Soares ressalta ainda que o termo brega surgiu quase como um insulto, porque essa música foi sempre produzida e consumida pelas classes mais populares.
“O brega sempre esteve muito conectado com a questão de classe. Então, por isso ele teve muito estigma, porque os artistas do brega também eram chamados de artistas que eram iletrados, muitas vezes eles não vinham aí de uma formação dos conservatórios, era um canto muito popular, tem toda uma configuração aí que coloca o brega como uma espécie de música maldita dentro da cultura brasileira. E por isso também que essa lei, que institui o Dia Nacional do Brega, ela é tão importante, para trazer uma espécie de dignidade também para o brega.”
Atualmente, no entanto, Thiago Soares sustenta que o estilo musical está conquistando outro conceito, principalmente devido às redes sociais. De acordo com o professor, muitos artistas ganham importância cultural com a música brega, que representa um vetor de transformação social nas periferias.
O autor da proposta que deu origem ao Dia Nacional do Brega, deputado Pedro Campos, destaca que em locais como Recife e o Pará, o brega movimenta uma “vasta cadeia produtiva”, que inclui, além dos artistas, produtores, gravadoras de videoclipes e compositores.
Em audiência pública na Câmara sobre o gênero musical, a cantora Michelle Melo Resende relatou que, em Pernambuco, o brega responde por quase 70% dos empregos diretos e indiretos da área de entretenimento musical.
O brega já é reconhecido como patrimônio imaterial do Recife desde 2021. Também no Pará o ritmo foi declarado patrimônio cultural e imaterial no mesmo ano.
Com informaçes da Rádio Câmara, de Brasília, Maria Neves