A Venezuela anunciou, nesta segunda-feira (19), a suspensão de sua conexão aérea com a Colômbia após denunciar a chegada de “mercenários” por essa via com o plano de “sabotar” as próximas eleições.
Os governistas do chavismo denunciam constantemente planos para derrubar o presidente Nicolás Maduro, supostamente planejados nos Estados Unidos e na Colômbia com colaboração da oposição.
Ela, que denuncia fraude na reeleição de Maduro em julho, pediu que as pessoas não participem das eleições de governadores e legisladores de 25 de maio.
– “À deriva” –
A medida chegou pouco antes da partida de um voo Bogotá-Caracas da companhia aérea Latam.
Alguns passageiros já haviam embarcado quando a tripulação anunciou o cancelamento da rota e que deveriam desembarcar. De volta ao terminal, telefonavam para familiares para buscar mais informações e decidir o que fazer.
“Eles têm que pensar no povo e nas pessoas que estão fora”, disse à AFP Gianlore Lorenzo, um comerciante de 64 anos. “Não podem nos deixar à deriva (…), esperamos uma solução.”
“Tem seis anos que não piso na Venezuela e ia passar férias no meu país e me parece injusto que não possa passar”, afirmou por sua vez Tahois Leonetti, engenheira de 50 anos residente no Chile que fazia conexão na Colômbia.
Cabello não esclareceu por quanto tempo estará vigente a nova suspensão, embora o aviso no sistema de informações para pilotos (NOTAM) e as autoridades colombianas tenham indicado que é até segunda-feira, 26 de maio.
A Venezuela já possui uma conectividade aérea reduzida, entre a ruptura de relações com outros países da região e a decisão de algumas companhias de abandonar as operações por dívidas não pagas.
– “Canais diplomáticos” –
A chancelaria da Colômbia disse à AFP que ativou “canais diplomáticos” e pediu informações à Venezuela. “Não nos foi informado nada previamente nem conhecemos pormenores dos alertas que diz o ministro”, declarou.
Cabello indicou que o suposto plano buscava gerar “ações de violência” no país após a celebração das eleições, assim como atacar “embaixadas acreditadas na Venezuela”, “hospitais” e “comandos policiais”.
Os voos entre Venezuela e Colômbia foram retomados em novembro de 2022, com a chegada ao poder do esquerdista Gustavo Petro, que renovou as relações.
Maduro havia interrompido essas relações em 2019, quando o ex-presidente Iván Duque não reconheceu sua primeira reeleição em 2018 e reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente.
– “Tun tun” –
Um ativista de direitos humanos da organização Provea foi detido na semana passada, acusado de estar vinculado a “uma trama conspiratória para gerar violência” durante as eleições.
Cabello anunciou ainda a ativação da chamada “operação tun-tun”, referindo-se à onomatopeia dos policiais ao baterem na porta das casas onde procuram possíveis criminosos.
A primeira vez que o termo foi usado foi em julho de 2024, quando pelo menos 2.400 pessoas foram detidas em 48 horas durante protestos contra a reeleição de Maduro para um terceiro mandato consecutivo. Cerca de 1.900 foram libertadas meses depois.
A ONG Foro Penal contabiliza 895 “presos políticos” no país e estima que cerca de 72 estrangeiros estão presos acusados de conspirar contra o governo.
O chamado de Machado para boicotar as eleições foi ignorado por uma ala da oposição liderada pelo duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que aspira a um assento no Parlamento.
Ele apresenta sua decisão como uma tentativa de “reivindicar” o triunfo da oposição contra Maduro em 28 de julho.
Com informações do msn.com.br