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Para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Brasil gasta R$ 5 com doenças causadas pelo fumo, de acordo com o estudo A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta, divulgado na quarta-feira, 28, pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Ao todo, o impacto do tabagismo nas contas do País chega a R$ 153 bilhões por ano, sendo R$ 67,2 bilhões gastos com o tratamento das doenças relacionadas ao consumo e R$ 86,3 bilhões em custos indiretos, como perda de produtividade e afastamentos do trabalho.
As análises foram apresentadas em evento promovido pelo Ministério da Saúde na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília, para lançamento da campanha federal em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco. A data é celebrada oficialmente em 31 de maio e a campanha seguirá o lema “Sem Cigarro, Mais Vida”.
Para o epidemiologista e pesquisador André Szklo, um dos autores do estudo, mensurar o impacto da comercialização dos produtos da indústria do tabaco sobre os custos atuais para a sociedade brasileira é um passo importante para buscar sua responsabilização e ressarcimentos.
“Uma parcela do lucro obtida com essa venda pode ser usada pela indústria do tabaco em ações de estímulo à iniciação de jovens e crianças no tabagismo, a fim de repor os usuários atuais que vão adoecer ou falecer. Isso, por sua vez, também vai gerar custos futuros”, destacou em nota.
Tabagismo volta a crescer no Brasil após 18 anos
O estudo do Inca chega em um momento de atenção para a saúde pública: pela primeira vez desde 2007, o Brasil registrou um aumento importante na proporção de fumantes.
Dados preliminares da Pesquisa Vigitel 2024 apresentados no evento revelam que, entre 2023 e 2024, a prevalência de fumantes no País cresceu aproximadamente 25%, passando de 9,3% para 11,6%. Entre as mulheres, a taxa
“Pela primeira vez desde 2007, nós temos um ponto que está ascendente na curva. Isso nunca foi visto”, alertou a diretora de Análise de Doenças Não Transmissíveis do ministério, Letícia de Oliveira Cardoso. Segundo ela, a taxa mostra que novas intervenções são urgentes, especialmente entre os mais jovens.
Em 2023, 9,3% da população brasileira, cerca de 19,6 milhões de pessoas, declarava-se fumante, conforme dados da Pesquisa Vigitel. Naquele ano, 2,1% dos adultos afirmavam usar cigarros eletrônicos e a taxa era ainda maior quando considerados apenas os jovens de 18 a 24 anos — mesmo com esses produtos sendo proibidos no Brasil.
Por isso, os cigarros eletrônicos são o principal alvo da atual campanha do ministério, que reforça a necessidade de coibir a venda e a propaganda desses produtos. Segundo dados do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), nos últimos seis anos, o uso de vapes teve um aumento de 600% no Brasil. Considerando apenas os adultos, são no mínimo três milhões de consumidores.
Com informações do Estadão