Em mais uma escalada da política externa agressiva de Washington, os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (16) a imposição de novas sanções contra refinarias, empresas e intermediários que compram ou facilitam o comércio de petróleo iraniano. A medida foi divulgada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, por meio de uma declaração pública nas redes sociais, reiterando o objetivo de sufocar economicamente Teerã e atingir seus aliados indiretos, como a China.
As sanções ocorrem no contexto da reaproximação entre Irã e China, que firmaram um acordo de cooperação estratégica de 25 anos, firmado oficialmente em 2021, mas que se fortaleceu nos últimos meses. O pacto envolve investimentos chineses de até US$ 400 bilhões em setores como energia, infraestrutura, transporte e telecomunicações iranianas, em troca de fornecimento regular e com desconto de petróleo iraniano. Essa parceria é considerada estratégica por ambos os lados: para o Irã, representa uma tábua de salvação econômica frente ao bloqueio ocidental; para a China, é uma forma de garantir segurança energética e expandir sua influência na Ásia Ocidental.
Especialistas apontam que a nova ofensiva tem duplo objetivo: conter a presença chinesa na região do Golfo Pérsico e agravar a crise econômica no Irã, num momento em que o país também sofre com instabilidades internas. Ainda assim, analistas avaliam que a eficácia dessa estratégia é limitada, já que a China possui métodos próprios de contornar as restrições financeiras e logísticas impostas pelos EUA.
A tensão deve aumentar nos próximos dias, especialmente diante da possibilidade de retaliações simbólicas ou operacionais por parte do Irã e de manifestações diplomáticas da China. O episódio reacende o debate sobre os efeitos das sanções unilaterais, aplicadas sem aval do Conselho de Segurança da ONU, e sobre os impactos geopolíticos de uma nova corrida por influência em territórios estratégicos como o Oriente Médio.