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Cerca de 15 pacientes por ano precisam desses procedimentos no Brasil
Neste ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a contar com dois novos procedimentos importantes para pacientes que enfrentam doenças graves e necessitam de transplantes complexos. O transplante de intestino e o multivisceral — que envolve a substituição de vários órgãos ao mesmo tempo — foram incorporados de forma definitiva ao SUS, ampliando as opções para quem precisa de tratamentos avançados e, muitas vezes, urgentes.
Luiz Henrique Perillo, arquiteto de 41 anos, luta contra o tempo. Ele está na fila de transplante e precisa de cinco órgãos, todos provenientes do mesmo doador. “Eu preciso de estômago, pâncreas, fígado, intestino e mais um rim”, diz Luiz, que vê sua qualidade de vida drasticamente afetada pela condição de saúde.
“Eu consigo fazer uma coisa ou outra, mas não da forma que eu praticava antigamente. Tinha ali a minha liberdade financeira, isso eu não consigo mais.”
Luiz é portador de trombofilia, uma doença que provoca a formação de coágulos e tromboses, afetando a circulação sanguínea no sistema digestivo. A perda de quase todo o intestino e o desgaste de outros órgãos o levaram à necessidade de um transplante multivisceral — um procedimento que substitui vários órgãos da região abdominal de uma vez.
“As pessoas têm que entender que elas têm a possibilidade de salvar até oito vidas após sua partida. Não tem porque a gente levar essa vida para debaixo da terra, se a gente pode continuar dando vida para outras pessoas que precisam, como eu”, diz.
Até o mês passado, os transplantes multivisceral e de intestino delgado estavam disponíveis no SUS apenas em hospitais conveniados com o Ministério da Saúde. Agora, esses procedimentos foram definitivamente incorporados ao sistema público de saúde, oferecendo uma nova esperança a quem precisa desses transplantes especializados.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 15 pacientes por ano precisam desses tipos de transplantes no Brasil, uma demanda que, até agora, era atendida de forma limitada.
Para o cirurgião Rômulo Almeida, especialista em aparelho digestivo, a incorporação dessas cirurgias ao SUS é um passo fundamental.
“É alentador para essa população e para nós, que acompanhamos o sofrimento dessas pessoas. Esperamos que com esse passo inicial, o serviço público, as instituições possam dar andamento e suprir essa necessidade da população”, analisa.
Contudo, para que esses transplantes possam ser realizados com sucesso, é crucial que haja um incentivo à doação de órgãos. Robério Melo, presidente do Instituto Brasileiro de Transplantados (IBTx), lembra da importância da conscientização das famílias.
“Hoje existe uma fila de mais ou menos 45 mil pessoas à espera de um transplante. Eu quero conscientizar as pessoas de que o transplante salva e recupera a vida das pessoas”, ressalta.
Com informações do SBT News