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Presidente do Banco Central afirmou que trabalha para integrar o pagamento instantâneo a sistemas similares de outros países
A funcionalidade faz parte do trabalho da autoridade monetária para aumentar a segurança do sistema de pagamentos instantâneos.
De acordo com Campos Neto, a autoridade monetária está trabalhando em um sistema de segurança que permite identificar os padrões de fraude a partir de análise de dados, o que vai tornar possível realizar o bloqueio e retorno de valores fruto desse tipo de atividade.
“Através do nosso banco de dados, e com outras ferramentas, incluindo inteligência artificial, a gente começa a identificar padrões de fraude. Temos como identificar esses padrões de tal forma que a gente poderá antecipá-los “, explicou ele, que disse que o sistema irá permitir a criação do novo recurso de segurança.
“Estamos trabalhando nessa nova funcionalidade que vai permitir o rastreamento, bloqueio e devolução de valores. Vamos anunciar em breve “, afirmou.
Campos Neto esteve em São Paulo para participar do lançamento da função “Pix por aproximação” para usuários da carteira digital do Google que sejam clientes do Itaú, Picpay ou C6 Bank. Até fevereiro do próximo ano, a funcionalidade estará disponível para todos os brasileiros.
Durante a apresentação, o presidente do BC destacou medidas de segurança para inibir o uso criminoso do Pix. Ele afirmou que um dos gargalos para a aplicação de golpes é a facilidade na abertura de contas laranjas, também conhecidas como “contas fantasmas”.
Essa, de acordo com ele, é uma das três dimensões em que a autoridade monetária tem atuado para garantir mais segurança.
“A gente tem que endurecer os critérios de abertura de conta para diminuir ao máximo o número de contas laranjas e contas fantasmas. No mundo ideal em que não existe conta fantasma e todas as contas são das pessoas, a criminalidade vai quase a zero porque seu eu for fazer alguma coisa vou precisar transferir para minha própria conta “, ressaltou Campos Neto.
O presidente do BC também citou que outra dimensão para trazer mais segurança ao Pix é a possibilidade de o próprio usuário estabelecer controles e limites.
Na semana passada, a instituição anunciou novas regras para o sistema, incluindo a norma de que transferências realizadas por novos dispositivos serão limitadas a R$ 200 e não poderão ultrapassar o limite diário de R$ 1.000. Campos Neto disse que esse é um trabalho contínuo que o BC ainda pretende aprimorar:
“É um trabalho que nunca acaba porque, à medida que você se aprimora, as fraudes também se aprimoram. Eu diria que se a gente conseguir eliminar em grande parte as contas laranjas e a gente conseguir usar os dados com IA preditiva para identificar padrões de fraude antes da hora, a gente vai conseguir avançar bastante “, afirmou.
Pix “conectado” a outros países
Além do Pix por aproximação, que ainda será expandido pelas instituições financeiras, a agenda do BC também inclui o desenvolvimento da modalidade internacional do sistema de pagamentos. Nesta segunda-feira, Campos Neto destacou que ainda será possível “conectar o mundo” a partir de sistemas de pagamentos instantâneos.
Ele citou que países da Ásia têm um sistema similar ao Pix chamado de Nexus, que conecta sistemas de pagamento de Singapura, Índia, Malásia e Tailândia, e que o BC trabalha para integrar o sistema brasileiro ao Tips, da União Europeia. Campos Neto acrescentou que há um “trabalho intenso” nessa direção, que tem avançado:
“Se a gente pensar em um mundo onde todo mundo vai ter um sistema de pagamentos instantâneo conectados, basicamente a gente está falando que vamos ter pagamentos transfronteiriços de forma instantânea […] Eu vejo um debate enorme sobre moedas únicas aqui ou no Brics. Se houver pagamento de forma instantânea entre todos os países com disponibilidade imediata, esse debate perde relevância.”
Em mesa com o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, o presidente do BC também falou sobre como ficará a agenda de inovação da autoridade a partir da troca de comando no ano que vem, com a presidência de Gabriel Galípolo. Para Campos Neto, o movimento de inovação está no “DNA “do Banco Central, mas é natural que cada um coloque sua marca na liderança da autoridade monetária.