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Porta-voz presidencial, Manuel Adorni, anunciou que vão ‘recorrer’ da ordem judicial; magistrado baseou sua decisão em estatísticas que colocam mais de metade da população na pobreza
A justiça da Argentina ordenou, nesta segunda-feira (27), a distribuição oficial às cozinhas comunitárias de toneladas de alimentos armazenadas em depósitos do Ministério do Capital Humano, mas o governo de Javier Milei anunciou que vai recorrer da decisão porque se trata de reservas “para catástrofes”. “Diante deste grupo que sofre agudamente de insegurança alimentar e sobre quem pesa o custo da denunciada paralisia, há necessidade urgente de adotar ações positivas”, disse o juiz federal Sebastián Casanello, que exigiu que o ministério detalhe os alimentos retidos em até 72 horas e proceda “imediatamente” à sua distribuição. O magistrado baseou sua decisão em estatísticas que colocam mais de metade da população argentina na pobreza. A decisão faz parte de um processo judicial iniciado em fevereiro por organizações sociais críticas ao governo, após a interrupção do fornecimento de alimentos às suas cozinhas comunitárias em dezembro passado, quando o ministério iniciou uma auditoria.
De acordo com a decisão judicial citada pela imprensa local, o juiz ordenou ao governo que estabeleça “um plano de distribuição dos referidos alimentos em função do seu tipo, quantidade, prazo de validade e público-alvo, prevendo a sua execução imediata”. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, anunciou nesta segunda-feira, em coletiva de imprensa, que o governo vai “recorrer” da ordem judicial. “É uma questão de política pública”, argumentou. Questionado sobre os motivos pelos quais o governo recolhe estes alimentos, Adorni indicou que se trata de “reservas preventivas para emergências ou catástrofes” e garantiu que “não há um único alimento que vá ser jogado fora”.
“Os alimentos que vão para os refeitórios vão por um caminho e os destinados a outro fim vão pelo outro”, afirmou, sem dar mais detalhes. O chefe de gabinete, Nicolás Posse, disse em uma apresentação ao Congresso que a auditoria revelou que “quase 50% das cozinhas não existiam”. De acordo com as organizações, existem cerca de 45 mil cozinhas comunitárias em toda a Argentina, mas um número indeterminado deixou de funcionar quando o fornecimento que recebiam do Estado foi interrompido, enquanto outras seguem em atividade graças a doações privadas.
*Com informações da AFP