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Investimento pesado no setor industrial mirando exportações teria revertido crise imobiliária, segundo analistas

 

China reportou, nesta terça-feira, um crescimento econômico de 5,3% no primeiro trimestre de 2024, acima das projeções dos analistas, apesar da crise no setor imobiliário e do baixo nível de consumo.

 

Especialistas consultados pela AFP projetavam um crescimento médio de 4,6%, enquanto o governo estabeleceu uma meta de expansão de “cerca de 5%” para 2024, abaixo do alcançado nas últimas décadas.

De acordo, também, com reportagem do jornal The New York Times, especialistas atribuem tal crescimento às medidas de Pequim para fortalecer seu parque industrial, mais especificamente no setor manufatureiro, construindo mais fábricas e exportando enormes quantidades de bens para combater a grave crise imobiliária. Entre esses bens, citam a venda para o mercado global de painéis solares, carros elétricos e outros produtos.

Somente em janeiro e fevereiro, o valor das exportações subiu 7% em dólar, em relação ao ano anterior, e 10% quando medido na moeda chinesa, o renminbi. Mas a contribuição real das exportações para a economia do país foi consideravelmente maior, já que a queda dos preços obscureceu toda a extensão dos ganhos de exportação da China.

Guo Tingting, vice-ministro do Comércio, disse em uma entrevista coletiva, no mês passado, que o volume físico das exportações subira 20% em janeiro e fevereiro, em relação ao ano passado. As exportações, no entanto, oscilaram um pouco em março.

Ainda segundo o New York Times, as vendas no varejo também aumentaram este ano, mas em ritmo moderado de 4,7% na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Com festas de rua e outras atividades, o governo incentivou as famílias a gastar mais, enquanto muitas na China aumentaram suas economias para compensar uma recente queda no valor de seus imóveis.

Os gastos com turismo doméstico e as vendas de ingressos de bilheteria aumentaram durante o Ano Novo Lunar, em fevereiro, superando facilmente os níveis anteriores à pandemia de Covid-19. As vendas de smartphones também subiram – embora não para a Apple – à medida que os compradores chineses escolhem cada vez mais marcas locais.

Preocupação com exportações

A aposta da China nas exportações tem preocupado muitos países e empresas estrangeiras, que temem que o aumento dos embarques de produtos chineses que estão inundando economias em outros lugares possa minar suas próprias indústrias manufatureiras e levar a demissões.

Durante reuniões entre autoridades de China e EUA, no início deste mês, a secretária do Tesouro americano, Janet L. Yellen, alertou que inundar os mercados com exportações interromperia as cadeias de suprimentos e ameaçaria indústrias e empregos. O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, expressou preocupações semelhantes durante uma visita à China, embora também tenha alertado contra o protecionismo na Europa.

Quem ganha na guerra dos chips entre EUA e China?

A China está aumentando a fabricação e as exportações para compensar uma queda profunda nos preços de habitação e construção civil. O setor – incluindo aí o de produção de aço, vidro e outros materiais para residências – foi o maior motor de crescimento na China por muitos anos. Mas as vendas de imóveis novos caíram de forma bastante constante desde o início de 2022.

Poucos projetos de construção estão sendo iniciados, já que dezenas de incorporadoras insolventes ou quase insolventes lutam para terminar os projetos que prometeram anteriormente aos compradores.

Autoridades chinesas atribuem fraquezas na economia chinesa em parte às altas taxas de juros no exterior projetadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para combater a inflação nos Estados Unidos. Essas taxas tornaram mais atraente para famílias e empresas chinesas mover dinheiro da China, onde as taxas de juros são baixas, para países estrangeiros, onde as taxas são mais altas.

 

Com informações da Agência O Globo