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É isso o que você leu no título. É de você que o judiciário tem medo, que o Dilmo tem medo, que a esquerda tem medo.

E não é medo de quebra-quebra ou de golpe de estado, mas medo de você decidir não financiar mais as lagostas, vinhos importados com quatro premiações internacionais, camas de mais de 40 mil reais e viagens de turismo dessa corja.

A verdade é que eles não sabem ao certo o que faríamos no caso de prenderem Bolsonaro, mas sabem que alguma coisa faríamos, porque se nada for feito – como muitas vezes não foi feito desde que começaram a tratar a Constituição Federal como papel higiênico – só nos restará ficar de joelhos e pegar a caderneta social para fila do pão.

Acontece que somos maioria, e disso eles têm 100% de certeza, da mesma maneira que sabem que se essa maioria realmente se unir pra fazer alguma coisa, não vai sobrar pra eles, porque mesmo dentro das Forças Armadas, com toda a rigidez da hierarquia, o grosso da tropa obedece, mas não apoia este governo e seus superiores, e se tiverem que ser colocados contra o povo, não vai rolar.

A grande questão é que mesmo sendo maioria, ainda não sabemos o que fazer com isso, como proceder, como nos organizarmos para, civilizadamente, sem armas, sem golpe, promover uma revolução silenciosa que surta o efeito necessário.

Mais de uma vez citei em meus textos como age a polícia quando uma casa é invadida e os moradores são mantidos como reféns. Primeiro negociam. Depois cortam a luz, a água e param de fornecer comida.

Já quando se trata de lidar com quadrilhas e facções criminosas, a tática é o “follow the money”, ou, siga o dinheiro. Achando a fonte, bloqueiam os recursos.

No caso que vivemos, o bloquear os recursos é ainda mais simples, bastando lembrar que a cada Real gasto, no mínimo 50% vira imposto municipal, estadual ou federal, o que nos leva à tomada de decisão sobre contingenciar nossos gastos ou continuar financiando o sistema.

É preciso entender que Bolsonaro já não é mais apenas Bolsonaro.

Dilma disse “sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante”.

Digo que sempre que se olha Bolsonaro há sempre a figura exposta de um povo atrás, o que é muito mais importante. E enquanto Bolsonaro representa esse povo, Dilmo representa tão somente a bandidagem que insiste em tomar conta do país, doutrinando jovens, pervertendo princípios e valores, mantendo essa gente alienada, ignorante e analfabeta sempre que possível.

Pois é de você, de nós que eles têm medo, porque não dá pra prender todo mundo, porque se mandarem prender todo mundo ninguém vai cumprir a ordem, mesmo se quiserem, porque é impossível. O negócio, então, é continuar usando Bolsonaro para nos chantagear, criando narrativas, fazendo ameaças, abrindo inquéritos ilegais, inconstitucionais e fantasiosos, pois, mesmo que isso alimente nossa indignação, nos mantém passivos sem nada além de desabafos e palavras.

Resta a nós, e estou me repetindo ao dizer isso, conciliar as diferenças existentes na direita conservadora e optar por um projeto de país que deve, necessariamente, começar pelo expurgo da esquerda nas eleições municipais, o que significa “tirar o chão” da esquerda, eliminando a influência que ela tem na educação, na saúde, nos transportes, na infraestrutura de cada município onde tem representação.

Nada disso significa, porém, que não devemos ter medo do judiciário. Devemos. E tenha medo, porque individualmente estamos sujeitos a todo tipo de represália. Certo ministro é igual a cão raivoso, ataca crianças, adolescentes, adultos e até velhinhas com Bíblia na mão. Mas contra todos, ao mesmo tempo, ele não consegue atacar, sabe que vai perder se tentar.

O governo Dilmo acabou antes de começar. Sabendo disso, a intenção é acabar com a gente antes de terminar. O judiciário exerce o poder que o governo não tem, suprimindo o legislativo, ajudando o executivo a existir e perseguindo qualquer opositor que ouse levantar a voz contra eles. Mas em lugar nenhum do mundo isso deu certo por muito tempo sem que o país se tornasse uma ditadura de fato. Por enquanto somos uma ditadura disfarçada, e eles precisam de Bolsonaro solto para que continue assim.

Para prender Bolsonaro, eles terão que decretar uma ditadura de verdade, e aí será a hora de ver “quem tem mais garrafa vazia para vender”. Eles só não podem perder o medo de nós.

Por: Hermínio S. Naddeo. Jornalista.