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No total, 72 profissionais morreram na guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas
Mais de três quartos dos 99 jornalistas e funcionários da imprensa que perderam a vida em 2023 morreram sob os bombardeios israelenses em Gaza, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira (15) pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
No total, 72 jornalistas, a maioria palestinos, morreram na guerra travada por Israel na Faixa de Gaza desde os atentados lançados em 7 de outubro por militantes do movimento islamista Hamas em território israelense. A eles se somam três jornalistas libaneses e dois israelenses.
“Cada jornalista morto é mais um golpe em nossa compreensão de mundo”, lamenta a diretora-executiva do CPJ, Jodie Ginsberg.
Em três meses, o conflito tirou mais vidas do que em um ano em um país inteiro, alertou a organização com sede em Nova York.
E as mortes continuam. Em 7 de fevereiro, o CPJ anunciou que o número de comunicadores mortos em Gaza havia subido para 85. Em alguns casos, até familiares de jornalistas foram alvos das forças israelenses, denuncia o comitê.
O CPJ, que já denunciou no passado o que parece ser uma “perseguição” das forças israelenses contra jornalistas, investiga se doze jornalistas mortos em Gaza foram deliberadamente atacados por seus soldados, o que constituiria “um crime de guerra”.
Em um relatório publicado em maio de 2023, a organização acusou o Exército israelense de assassinar pelo menos 20 jornalistas em 22 anos, “sem que ninguém fosse responsabilizado”.
Em dezembro, o CPJ também anunciou que Israel entrou pela primeira vez na lista de países com maior número de jornalistas presos, com 17 casos em 1º de dezembro de 2023.
Profissão “mortal” no México
A nível mundial, o número de comunicadores mortos no ano passado é o mais alto desde 2015 e supõe um aumento de quase 44% em relação aos números de 2022 (69 mortos).
Ao todo, foram 78 jornalistas assassinados no exercício da profissão, um recorde. As circunstâncias das mortes de outras oito pessoas ainda estão sendo investigadas e 13 são funcionários de apoio à imprensa.
Se excluirmos as mortes em Israel, Gaza e Líbano, em 2023, 22 jornalistas morreram no exercício da sua profissão em 18 países, o que “não significa que o jornalismo esteja mais seguro”, alerta a organização.
A maior redução foi registada na Ucrânia e no México, que passaram de 13 assassinatos para 2 cada.
Sobre o México, o CPJ adverte que, junto com as Filipinas e a Somália, é “um dos países mais mortais do mundo para jornalistas”, onde, em um contexto de corrupção e crime organizado, são alvos de ataques, assédio, ameaças e sequestros.
A isto se soma a “espionagem” por parte de agências governamentais, que fez com que “um número significativo de jornalistas abandonassem suas casas e suas profissões devido à violência”, denuncia a organização.
Estes crimes “indicam claramente que devemos trabalhar coletivamente para garantir que os assassinos de jornalistas sejam levados à Justiça, que a cultura da segurança prevaleça nas redações e que o direito do público à informação seja protegido daqueles que se veem ameaçados pela comunicação”, recomenda Ginsberg.
Com informações da AFP