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A Polícia Federal (PF) prendeu, ontem, Bruno Heller, apontado como um dos maiores grileiros de terras da Amazônia. Os agentes o detiveram no município de Novo Progresso (PA) e, segundo a PF, ele estava com armamento ilegal e ouro em estado bruto.
Heller foi preso na Operação Retomada e é acusado de ter se apossado de mais de 21 mil hectares de terras da União. Além disso, investigações constataram que ele é o responsável pelo desmatamento de mais de 6,5 mil hectares de floresta.
A Operação Retomada apura um esquema de invasão de terras da União e desmatamento para criação de gado na Floresta Amazônica. De acordo com a PF, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal nos municípios de Novo Progresso e Sinop (MT).
As investigações começaram depois da identificação pela PF, em Santarém (PA), do desmatamento de quase 6 mil hectares na região do município de Novo Progresso. Heller recebeu 11 autuações e seis embargos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por várias irregularidades. Além disso, perícias feitas pelos agentes federais indicam a existência de danos ambientais ocasionados pelas atividades do grileiro também na Terra Indígena Baú.
Bloqueio
Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 116 milhões, 16 fazendas e imóveis e 10 mil cabeças de gado pertencentes a Heller. Ainda de acordo com a PF, as investigações apontam que o grileiro e seus comparsas fizeram registros de terras no nome de terceiros, de forma fraudulenta, no Cadastro Ambiental Rural.
De acordo com os investigadores, o esquema fazia com que os “verdadeiros responsáveis pela exploração das atividades” se sentissem “protegidos” de processos criminais ou administrativos — que recairiam sobre os “laranjas” do grupo. “Os danos ambientais são agravados pela ocupação de áreas circundantes a terras indígenas e de unidades de conservação”, salientou a PF.
Para Gustavo Pietro, geógrafo e professor da Unifesp, a grilagem foi estimulada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “É inédita a escala da grilagem que foi descortinada pela PF. A gente pode dizer, também, que é uma inflexão das próprias ações dos federais nos últimos anos. Em alguma medida, a grilagem foi estimulada pelo governo Bolsonaro como uma prática política. A grilagem está diretamente relacionada à ampliação do desmatamento”, apontou.
Na avaliação do professor João Márcio Palheta, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), é fundamental que o Estado esteja presente para coibir as atividades ilegais. “A grilagem de terra na Amazônia é muito complicada porque não está só ligada ao domínio da terra. Está ligada a outros tipos de atividades criminosas. São lugares distintos e de fiscalização complicada, nos quais o Estado sempre chega tarde e onde a economia ilegal é que sustenta um conjunto de relações econômico-sociais. O poder público tem que chegar lá primeiro para quebrar essas cadeias ilegais”, cobrou.
Ameaça a Lula
A Polícia Federal prendeu, em flagrante, em Santarém (PA), um homem que ameaçou “dar um tiro na barriga” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a corporação, ele foi detido depois de uma testemunha informar à polícia que a pessoa estava em um bar proferindo intimidações. À PF, o suspeito confessou ter feito as ameaças ao ser detido e que também participou da invasão do Congresso, em 8 de janeiro. Admitiu, ainda, que colaborou com R$ 1 mil por dia para o acampamento erguido em frente a um quartel do Exército em Santarém.
Com informações do Correio Braziliense