País está sob ‘desconfortável holofote internacional’
O Brasil teme virar um “paraíso” para espiões russos. A cidade de Padre Bernardo, em Goiás, seria um ponto de partida para os agentes da Rússia. É o que mostra o jornal norte-americano Wall Street Journal, em reportagem publicada no domingo 2.
Segundo o jornal, autoridades da Noruega constataram que um pesquisador universitário que tem documentação brasileira e atua no país europeu é, na verdade, um agente secreto de Moscou. Mikhail Mikushin se passava por brasileiro, sob o nome de José Assis Giammaria.
“A vida dupla de um suposto espião russo preso no extremo norte da Noruega começou mais de uma década antes, nesta cidade produtora de milho e soja a meio mundo de distância, dizem autoridades brasileiras”, narra o WSJ.
A cidade é Padre Bernardo, localizada a 224 quilômetros de distância de Goiânia e a 110 quilômetros de Brasília. Padre Bernardo tem pouco mais de 35 mil habitantes.
De acordo com a reportagem, os investigadores rastrearam a cidadania brasileira do russo na Noruega a partir de uma certidão de nascimento fraudulenta de Padre Bernardo.
Segundo a investigação, isso “se tornou um padrão familiar de roubo de identidade e espionagem originário do país sul-americano”.
Há ainda outros dois supostos espiões russos identificados como falsos cidadãos do Brasil
Há outro espião russo com uma identidade brasileira forjada preso no Brasil. É Sergey Cherkasov, que também enfrenta acusações de espionagem nos Estados Unidos.
No ano passado, o suposto agente russo foi detido por autoridades holandesas quando tentou se infiltrar no Tribunal Penal Internacional como estagiário: ele usava o nome de Victor Müller Ferreira para se passar por um cientista político brasileiro.
Um terceiro suposto espião russo que viveu durante anos sob identidade brasileira no Rio de Janeiro está desaparecido.
Dono de uma empresa de impressão 3D no Rio de Janeiro, Gerhard Daniel Campos Wittich desapareceu abruptamente durante uma viagem ao exterior no fim do ano passado. Seus amigos fizeram uma campanha nas redes sociais para tentar encontrá-lo.
A campanha acabou em março, quando funcionários da inteligência da Grécia identificaram Gerhard Daniel como um espião russo com o sobrenome de Shmyrev.