Autoridades norte-americanas citam China como possível ‘rota’ para o crime
O governo dos Estados Unidos considera que o Brasil oferece risco para os segredos industriais de empresas multinacionais. Aqui operam muitas companhias dos EUA, mas também da China, principal concorrente dos norte-americanos e que está envolvida em diversos casos de espionagem e “roubo” de propriedade industrial e intelectual.
A preocupação dos norte-americanos se deve principalmente ao fato de que o Brasil tem regras para prevenir o problema, mas, na prática, poucas ações coordenadas são adotadas para reforçar a segurança industrial. Foi isso o que disse à Folha de S.Paulo um representante do governo dos EUA, sem se identificar.
Os setores de maior risco no Brasil seriam os de fabricação de aviões, agricultura e tecnologia da informação. Embora o Brasil seja membro de acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) de 1995 que prevê formas de proteger direitos autorais, como desenhos industriais, patentes e informações sensíveis das empresas, as leis são “brandas” no Brasil, disse o interlocutor à Folha.
A pena para o crime de subtração de segredos industriais é de menos de um ano. Nos EUA, recentemente houve uma condenação a 14 anos de prisão por esse tipo de crime. Foi o caso da química Shannon You, também multada em US$ 200 mil (R$ 1 milhão), por roubar informações sobre como produzir embalagens de refrigerante sem BPA, aditivo ao plástico suspeito de causar doenças.
Em um evento sobre proteção de segredos industriais organizado pelo Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, em março, os empresários foram orientados a manter relação próxima com autoridades de segurança para evitar o vazamento de informações ou investigar suspeitas.
Segundo o governo norte-americano, estimativas mostram que quase 60% dos casos de roubo de informações ocorrem por ações virtuais, como hackeamento. Outros 40% envolvem técnicas mais analógicas, como cooptar funcionários.