A partir da modificação genética das células, o novo método é mais eficiente do que a quimioterapia convencional
Por Vitor Marcolin
Em estudo divulgado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês) nesta segunda-feira 5, cientistas apresentaram um novo medicamento para o tratamento de um tipo raro de câncer no sangue. A partir da modificação genética das células, o novo método reduziu em 74% o risco de progressão da doença. Conhecido pelo nome comercial Carvykti, o ciltacabtagene autoleucel foi testado em 419 pacientes com mieloma múltiplo que não respondiam à quimioterapia com lenalidomida.
Referindo-se ao uso comum da lenalidomida na terapia, Oreofe Odejide, oncologista da Asco, disse que, apesar de o uso deste medicamento “ter sido generalizado, também aumentou o número de pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento”. Comparando a quimioterapia convencional com o Carvykti, a oncologista explicou: “[O Carvykti] oferece resultados notavelmente eficazes em comparação com as opções atuais para os pacientes e pode ser usada com segurança em estágios mais precoces do tratamento”.
Como foram realizados os testes?
Nos testes, os cientistas analisaram amostras de dois conjuntos de pacientes: os que receberam Carvykti e os que foram tratados com uma combinação de medicamentos frequentemente prescritos hoje em dia (o que incluía esteroides e quimioterapia). Num comunicado da Asco, os médicos disseram: “Após um acompanhamento médio de 16 meses, os pesquisadores descobriram que o ciltacabtagene autoleucel reduziu o risco de progressão da doença em 74%, em comparação com os tratamentos comuns”.
Podendo causar danos progressivos nos rins, ossos e sistema imunológico, o mieloma múltiplo é um câncer sanguíneo que afeta um tipo específico de glóbulos brancos: os plasmócitos. De acordo com a Clínica Cleveland, sete em cada 100 mil pessoas são diagnosticadas com a doença anualmente. Os médicos afirmam que, em função de questões genéticas, a incidência maior desse tipo de câncer ocorre em homens e pessoas negras.
Contudo, os cientistas ainda não apresentaram uma cura definitiva para o mieloma múltiplo, embora o seu avanço possa ser retardado ou interrompido por um longo tempo, ampliando a sobrevida do paciente. Segundo a AFP, os testes foram financiados pelas empresas Janssen Research & Development e Legend Biotech.