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Investida russa com 54 dispositivos pilotados remotamente, no entanto, deixou pelo menos dois mortos e três feridos na capital, segundo as autoridades ucranianas

Ucrânia afirmou, neste domingo, 28, que conseguiu repelir durante a noite o “maior” ataque de drones lançado em Kiev desde o início da invasão russa, que deixou pelo menos dois mortos e três feridos na capital.  “No total, houve um número recorde de drones explosivos lançados: 54!”, disse a força aérea ucraniana no Telegram, alegando ter “destruído 52”. Do total, cerca de 40 foram lançados em Kiev.  “Este é o maior ataque de drones contra a capital desde o início da invasão” há 15 meses, lamentou a administração militar regional no Telegram.  As autoridades militares especificaram que o ataque “se desenvolveu em várias ondas e o alerta aéreo durou mais de 5 horas”. “De acordo com dados preliminares, mais de 40 drones russos foram derrubados pela defesa antiaérea” em Kiev, acrescentou. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu o trabalho. “Toda vez que eles derrubam drones e mísseis inimigos, vidas são salvas (…) Eles são os nossos heróis”, escreveu ele no Telegram.

Os ataques, no entanto, deixaram pelo menos dois mortos e três feridos na capital, segundo as autoridades. “As pessoas estão em estado de choque. Os danos são significativos, as janelas estão quebradas, o telhado danificado”, disse Sergei Movchan, um morador de 50 anos. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, descreveu o ataque como “massivo” e especificou que os drones foram lançados “de várias direções ao mesmo tempo”. É o 14º ataque de drones russos em Kiev desde o início de maio, segundo as autoridades. A capital estava relativamente livre desse tipo de ofensiva desde o início do ano.

No bairro de Solomianski, um homem de 41 anos morreu e uma mulher de 35 anos foi hospitalizada. Outra pessoa morreu no bairro de Golosivski depois que restos de drones russos caíram “em um prédio de sete andares”, segundo a administração regional. Uma pessoa ficou ferida. Houve também um incêndio numa zona de armazéns, que se propagou por mais de 1.000 m2 e deixou um homem ferido. “Kiev, uma cidade de pessoas livres e corajosas, tornou-se um símbolo do espírito inabalável da Ucrânia e das ambições imperiais fracassadas do Kremlin”, elogiou o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov. Mikhailo Podoliak, assessor da presidência ucraniana, culpou o Irã, onde são fabricados os drones Shahed usados por Moscou. “O Irã de hoje é um regime terrorista que constitui uma ameaça à Europa e ao Oriente Médio”, escreveu ele no Twitter, prometendo retaliação.

No total, 54 drones explosivos foram lançados “das regiões de Bryansk e Krasnodar” na Rússia, disse a Força Aérea da Ucrânia, comemorando ter interceptado 52 deles. Segundo essa fonte, a Rússia mirou em “instalações militares e infraestruturas estratégicas nas regiões centrais do país, em particular na região de Kiev”. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou neste domingo que as potências ocidentais estavam brincando “com fogo” após a recente autorização dos Estados Unidos para futuras entregas de caças F-16 à Ucrânia. “É uma escalada inaceitável” promovida por “Washington, Londres e os seus satélites dentro da União Europeia” que querem “enfraquecer a Rússia”, destacou.

O uso desses pequenos dispositivos pilotados remotamente na zona de conflito, e chamados comumente de drones, é cada vez mais comum no front ucraniano. Nas últimas semanas, o território russo também tem sido alvo de ataques deste tipo, além das sabotagens, em um momento em que Kiev afirma estar concluindo os preparativos para lançar uma contraofensiva e recuperar todos os territórios ocupados por Moscou, incluindo a península da Crimeia anexada pela Rússia em 2014. O maior ataque ocorreu em 3 de maio, quando dois drones foram derrubados sobre o Kremlin em Moscou, residência oficial e local de trabalho ocasional do presidente Vladimir Putin. A Rússia acusou a Ucrânia, que negou envolvimento. Geralmente são as regiões fronteiriças à Ucrânia que estão sendo atacadas, onde o exército russo abastece parte de suas tropas.

Contudo, esses drones também podem atingir centenas de quilômetros da fronteira. No sábado, dois drones danificaram um prédio de onde é administrado um oleoduto na região de Pskov, no oeste da Rússia, segundo o governador Mikhail Vedernikov. Baza, um veículo de comunicação russo com fontes nos serviços secretos, também relatou um ataque de drone em outra estação de petróleo na região de Tver, a noroeste de Moscou.

Com informações da AFP