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Política de ‘covid-zero’ prejudicou os negócios e a econômica; se os resultados forem confirmados, ele será o líder mais poderoso desde Mao Tsé-Tung
O presidente chinês, Xi Jinping, se prepara para um histórico terceiro mandado no 20º Congresso do Partido Comunista (PCC), que começará no domingo, 16, em um país em grande parte isolado do mundo por sua política rígida de ‘covid zero’. Se tudo sair como planejado, o governando de 69 anos, consolidará sua posição de líder mais poderoso da China desde Mao Tsé-Tung. O congresso acontecerá sob rígidos protocolos de saúde, como parte da insistência de Xi Jinping de prosseguir com a estratégia ‘covid zero’ para conter e eliminar o vírus dentro do país. Durante o evento, que acontecerá em grande parte com portas fechadas, os participantes definirão os quase 200 membros do Comitê Central do partido. Estes, por sua vez, designarão os 25 integrantes do Escritório Político e os representantes do Comitê Permanente, o principal órgão de decisão da China. No primeiro dia, Xi pronunciará um discurso para avaliar seu mandato anterior e para esboçar o plano dos próximos cinco anos.
Apesar da promessa em 2017 de uma nova era para o socialismo com características chinesas e o maior envolvimento de Pequim com o mundo, o roteiro foi o inverso, em grande parte por causa da Covid-19. Enquanto o restante do mundo voltou gradualmente à situação anterior à pandemia, Pequim optou por seguir adiante com estratégia ‘covid zero’, com restrições de viagens, quarentenas obrigatórias e confinamentos recorrentes. Essa política prejudicou os negócios e o crescimento econômico desacelerou e outros problemas surgiram, como o declínio da bolha imobiliária. “A política de covid zero de Pequim desestimulou investimentos muito necessários e fracassou em conquistar os corações e mentes dos jovens chineses, os que mais sofreram econômica e socialmente”, disse Yu Jie, do programa Ásia-Pacífico do centro de estudos Chatham House. “Muitos chineses estão preocupados com o retorno a um período de isolamento não visto no país desde sua abertura no final dos anos 1970”, disse Beja.
Além da política de ‘covid-zero’, que deixa o país isolado, as relações com os Estados Unidos pioraram ainda mais nos últimos cinco anos e a política externa mais agressiva de Xi provocou disputas com vários países, como Índia, Austrália ou Canadá. Os países ocidentais criticaram a retórica beligerante a respeito da ilha de Taiwan, que tem governo autônomo, e acusaram a China de abusos dos direitos humanos, em particular contra a minoria uigur na região de Xinjiang (oeste do país). “O terceiro mandato do presidente Xi, que rompe com os precedentes, não é um bom presságio para os direitos humanos na China e em todo o mundo”, afirmou Xaqiu Wang, pesquisador sobre a China na Human Rights Watch.
A possível reeleição de Xi Jinping para o terceiro mandato, rompe com a tradição do Partido Comunista da China. Desde a década de 1990, os membros do Escritório Político geralmente se afastam após dois mandatos. Se, como esperado, Xi permanecer como secretário-geral, ele será confirmado para outro mandato presidencial na reunião anual da Assembleia Popular Nacional da China em março. Muitos analistas acreditam que este não será seu último mandato. “A incerteza é absoluta”, afirmou o cientista político Jean-Pierre Cabestan. “Mas a promoção do pensamento de Xi Jinping, a restauração do culto à personalidade, a importância de seu poder no coração da liderança do partido, tudo isto evoca alguém que permanecerá no poder por muito tempo, talvez pelo resto da vida, acrescentou.
Com informações da AFP