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As ruas foram retumbantes!
Jamais se viu tamanha manifestação popular em toda a história do país!
De Norte a Sul, de Leste a Oeste, milhões (sim, milhões!) de cidadãos inundaram (como nunca dantes) a Praça dos Três Poderes (DF), as praias de Copacabana (RJ), a avenida Paulista (SP), a praça da Liberdade (MG) e todas as principais vias das grandes cidades brasileiras para testemunhar ao mundo, de forma inequívoca, o seu posicionamento político contra as flagrantes ameaças à democracia e às liberdades fundamentais, consubstanciadas naquilo que é percebido como arbitrário despotismo do STF e nas investidas irascíveis de célebres corruptos à retomada totalitária do poder de Estado.
O recado, nesse sentido, está dado – com todos os “detalhes” e veemência –, às tradicionais oligarquias tupiniquins – aos costumeiros e presunçosos “donos do poder”.
Mais que um recado: um aviso! Uma advertência categórica e contundente, oriunda do único e legítimo soberano (o povo), explicitamente dirigida aos pretensos ditadores da toga e demais membros do tradicional (e cleptocrático) establishment: não brinquem com a vontade (e a paciência) das massas.
Foi um susto inquietante e perturbador nos verdadeiros (e dissimulados) golpistas da república, que, ainda atônitos, devem estar avaliando como ainda cassar o Presidente (talvez por conjecturado “abuso de poder eleitoral”) e impedi-lo, assim, a qualquer custo (não importa o casuísmo ou a fraude), de manter-se, “impunemente”, por mais quatro anos, com as cobiçadas chaves do cofre.
Contabilizado o desenlace do apoteótico episódio, restou patente, a olho nu (para incômodo de tantos), a desclassificação do Data Folha (e congêneres) pelo “Data Povo”. Das narrativas, pelos fatos. Ao passo que a grande mídia, na impossibilidade de omitir o altissonante acontecimento (como desejaria), foi obrigada a sobejar, a contragosto, em indisfarçáveis (e famigerados) lamentos, desmoralizada, mais uma vez, publicamente em sua ostensiva e facciosa mediocridade.
Os insistentes arquitetos do impeachment presidencial, os mesmos da fraude eleitoral, não contavam com o gigantismo e a repercussão (inclusive internacional) de tão notável evento cívico e político, de exuberante e incontestável simbolismo republicano e patriótico, de máximo caráter democrático.
Ficou difícil, agora, para o “sistema” (à corporação oligárquico-patrimonialista dominante) estancar, às vésperas do sufrágio de outubro, a força do povo – ou do “gado”, como costuma usualmente lhe carimbar. Tirá-lo de cena, ou inibi-lo – como habitualmente ambicionado. Pois se houver trapaça na apuração dos votos (e os agentes da cabala devem estar nesse momento sem dormir, meditando a respeito), a “manada” pode repentinamente se insurgir, explodir as porteiras – como ficou mais do que evidente no brado esmagador e pungente das conscienciosas massas.
Sim, o 7 de setembro de 2022 emerge como um divisor de águas na história recente da república tupiniquim. Um grito atualizado de “independência”, consubstanciado na condenação da farsa, da corrupção, do crime organizado, da hipocrisia generalizada das corroídas e plutocráticas elites – definitivamente desnudadas (desde a Lava Jato) em sua abjeta e contínua degeneração.
O povo, depois de séculos, parece que, finalmente, acordou. Despertou de seus grilhões alienantes. Eis a novidade sociológica! E aparenta assumir, em definitivo, o seu intransferível papel de protagonista central e medular de sua história e destino – para dissabor de seus corriqueiros “tutores” e contraventores.
Libertas Que Será Tamen (“Liberdade Ainda que Tarde”) será o mote principal e inegociável das jornadas pré e pós eleitorais que se seguirão, até que os usurpadores da ordem constitucional e da soberania popular sejam removidos definitivamente de seus postos, as reformas estruturais restantes devidamente concluídas e sancionadas e as liberdades fundamentais, assim como a normalidade democrática, plenamente restituídas no Brasil.
Sim: “Independência ou Morte!” (democracia e liberdade ou ditadura e servidão) tornou-se a palavra de ordem (o grito de guerra) do “assustador” exército popular em marcha.
Por: Alex Fiúza de Mello. Professor Titular (aposentado) de Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciência Política (UFMG) e Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), com Pós-doutorado em Paris (EHESS) e em Madrid (Cátedra UNESCO/Universidade Politécnica). Reitor da UFPA (2001-2009), membro do Conselho Nacional de Educação (2004-2008) e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (2011-2018).
Com informações do JCO