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O Vaticano disse que a Nicarágua expulsou seu embaixador no país em março.

O papa Francisco disse neste domingo (21) que está “preocupado” com o aumento das tensões entre o Estado e a Igreja Católica na Nicarágua, dois dias após a prisão do bispo e crítico do regime Rolando Alvarez, relata a AFP.

Conforme relatou a agência, Francisco disse estar acompanhando “de perto com preocupação e tristeza” a situação na Nicarágua, em meio a um impasse cada vez maior entre a Igreja e um governo acusado de aumentar o autoritarismo.

“Gostaria de expressar minha convicção e esperança de que, por meio de um diálogo aberto e sincero, ainda possa ser encontrada a base para uma coexistência respeitosa e pacífica”, disse o chefe dos 1,2 bilhão de católicos do mundo após a oração do Angelus.

Uma porta-voz do chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que a UE está “acompanhando de perto a situação com preocupação”.

Ela repetiu a posição de Bruxelas de que “os nicaraguenses precisam encontrar uma solução pacífica e democrática para sua crise política por meio do diálogo”.

A Igreja Católica na Nicarágua está sob crescente pressão do governo desde que os protestos da oposição em 2018 foram recebidos com uma repressão que deixou centenas de mortos.

O ditador Daniel Ortega afirma que os protestos fizeram parte de um plano da oposição apoiado por Washington para derrubá-lo e acusa os bispos de cumplicidade.

O Vaticano disse que a Nicarágua expulsou seu embaixador no país em março.

Tomado ‘com violência’

Alvarez foi detido na sexta-feira por atividades “desestabilizadoras e provocativas” destinadas a desestabilizar o país centro-americano.

Sua detenção ocorreu por duas semanas sob cerco policial em sua residência oficial em Matagalpa, no centro da Nicarágua, depois que ele criticou o fechamento de estações de rádio e canais de notícias da Igreja.

Apoiadores disseram que Alvarez foi levado “com violência” para um local desconhecido, levando as Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA) a expressarem preocupação.

Oito outros, incluindo cinco padres, que estavam escondidos com Alvarez foram levados para Manágua com ele, segundo a Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM), e estão todos sob investigação.

Mais tarde, a igreja disse que Alvarez estava detido em sua “casa de família”, onde o cardeal Lepoldo Brenes foi autorizado a visitá-lo.

Brenes relatou que a “condição física do bispo se deteriorou”, mas seu “espírito é forte”, disse a arquidiocese de Manágua em comunicado.

Os outros oito estavam detidos na prisão de El Chipote, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh). El Chipote é uma prisão notória para os críticos do governo.

Segundo a União Europeia, a Nicarágua tem mais de 180 “presos políticos”.

No primeiro semestre de 2022, diz o bloco, as autoridades nicaraguenses fecharam mais de 1.200 organizações da sociedade civil.

No início deste mês, o gabinete de Borrell pediu a libertação dos presos políticos da Nicarágua, denunciando a repressão do governo aos ativistas da oposição.

Com informações da Gazeta Brasil