O filme já se tornou repetitivo todos os anos no país, mas parece que não desperta nenhuma preocupação e responsabilidade dos governantes para que adotem providências urgentes, visando evitar os efeitos das fortes tempestades. Falta planejamento urbano, e muitas mortes poderiam ser evitadas se as ações fossem realizadas nos estados. A meteorologia sempre faz as suas previsões e alerta a todos sobre os riscos previsíveis.
Isso é um fato e ponto final. Lamentavelmente, não é novidade para ninguém a repetida ocorrência de tragédias provocadas pelas fortes chuva, com dezenas de mortos e centenas de desabrigados. Deslizamentos de terra, alagamentos e soterramento de casas vão sempre acontecer, mas poderiam ser evitados.
As pessoas mais pobres são as que mais sofrem as consequências das tempestades, pois são obrigadas a morar em morros, palafitas e outras áreas de riscos, por não terem condições financeiras. É obrigação dos governantes garantir moradias dignas para os brasileiros e remover as pessoas das encostas. O déficit habitacional hoje no Brasil é alarmante e atinge 5,8 milhões de moradias, das quais 79% concentraram-se em famílias de baixa renda.
As tragédias são praticamente anunciadas anualmente, mas as autoridades fazem apenas promessas de realizar as obras e nada mais. Se houvesse punição severa, com os rigores da lei, esse quadro poderia mudar. Mas isso é exigir demais, afinal a nossa Constituição (desrespeitada) já foi jogada na lata do lixo faz tempo.
O tema é marcante e vou relembrar abaixo algumas tragédias que abalaram o país por conta das fortes chuvas. A tragédia de Petrópolis-RJ é mais uma realidade que bate à porta dos mais humildes e talvez desperte a atenção e sensibilidade dos governantes.
Em 2008, temporais atingiram 60 municípios de Santa Catarina e deixaram mais de 150 mortos, vítimas de soterramentos ou enchentes, além de 80 mil pessoas desalojadas. Em 2010, durante o réveillon em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, 53 pessoas morreram soterradas devido a intensas chuvas na região.
Outra tragédia deixou o país em lágrimas. Em 2011, a forte chuva caída na região serrana do Rio de Janeiro causou a morte de 900 pessoas. Esta foi considerada a maior catástrofe natural acontecida no Brasil.
Em 2019, as intensas chuvas causaram deslizamentos nas cidades de Recife, Abreu e Lima e Olinda, em Pernambuco, deixando 11 mortos e 1,6 mil desabrigados. Em 2020, uma forte tempestade atingiu o litoral paulista, deixando 45 mortos por deslizamento de terra e dezenas de famílias sem moradia.
Já em dezembro de 2021, temporais causaram inundações em diversas regiões da Bahia, deixando mais de 20 mortos e 3,7 mil desabrigados. No início de 2022, fortes chuvas atingiram diversas regiões de São Paulo e causaram desmoronamentos, alagamentos, deslizamentos de terras, matando sete crianças e 14 adultos. A tragédia ainda deixou 500 mil famílias desabrigadas.
O Rio de Janeiro sempre está no meio do furacão das tragédias. Em fevereiro de 2022, uma tempestade atingiu a região da cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, causando desmoronamentos, alagamentos e deslizamentos de terras. A contagem dos mortos já chega a 208, mas o número deve aumentar.
Ninguém pode evitar catástrofes naturais, mas é preciso adotar providências antecipadas para evitar o pior. Citei apenas algumas tragédias entre tantas outras que poderiam não estar relatando. A corrupção sempre foi desenfreada no país e sem punição severa, mas faltam recursos para causas mais urgentes. É preciso responsabilidade, respeito ao próximo e vergonha na cara. E é prá já!