Pelo quarto dia consecutivo, os combates entre extremistas islâmicos e as forças curdas apoiadas pela coalizão internacional continuam, neste domingo (23), na Síria, com o número de mortos ultrapassando 120.

© – Forças curdas na cidade de Hassaké

Desencadeados na noite de quinta-feira por um grande ataque do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) contra a prisão de Ghwayran (nordeste), onde estão presos muitos extremistas, os combates levaram à fuga de milhares de civis.

O ataque foi lançado por cerca de 100 combatentes do EI para libertar seus companheiros da prisão localizada em Hassaké, região que faz parte do território controlado pelos curdos na Síria, país em guerra desde 2011.

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), “77 jihadistas e 39 combatentes curdos morreram” em quatro dias, assim como “sete civis”.

Este ataque é o maior reivindicado pelo EI desde sua derrota na Síria em 2019 contra as Forças Democráticas Sírias (FDS), dominadas por forças curdas e apoiadas pela coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos.

“Combates ferozes começaram antes do amanhecer deste domingo. As forças curdas estão tentando recuperar o controle da prisão e neutralizar os jihadistas nas áreas circundantes” do centro de detenção que abriga cerca de 3.500 terroristas, informou o OSDH.

© – Des Syriens fuient leurs maisons des quartiers proches de la prison de Ghwayran, dans le nord-est de la Syrie, d’où se sont échappés des prisonniers après une attaque du groupe Etat islamique, le 22 janvier 2022

As FDS são apoiadas pela força aérea da coalizão internacional.

– “Milagre” –

Os combates podiam ser ouvido nos arredores, segundo um correspondente da AFP.

Membros das FDS foram mobilizados dentro e ao redor da prisão, caçando os extremistas e chamando por alto-falantes para que os civis deixassem a área.

Os terroristas “entram nas casas e matam as pessoas”, disse à AFP um civil que fugia a pé. “É um milagre termos saído vivos”, afirmou, carregando uma criança em um cobertor de lã.

Segundo as autoridades curdas, milhares de pessoas deixaram suas casas perto da prisão.

As FDS encontraram cintos explosivos, armas e munições.

Já os atacantes disseram que roubaram armas e libertaram “centenas” de jihadistas. Mais de 100 dos fugitivos foram recapturados pelas forças curdas, mas dezenas ainda estão foragidos, segundo o OSDH.

Em um vídeo divulgado no sábado, o EI mostra cerca de 20 homens, alguns deles em uniforme militar, dizendo que são curdos capturados durante o ataque.

Comentando o vídeo, as FDS disseram que os prisioneiros eram funcionários que trabalhavam na cozinha da prisão.

De acordo com Nicholas Heras, do Newlines Institute em Washington, “as fugas das prisões representam a melhor oportunidade para o EI recuperar forças e a prisão de Ghwayran é um bom alvo porque está superlotada”.

Milhares de jihadistas estão detidos em centros de detenção nos vastos territórios do norte e nordeste da Síria sob o controle das autoridades curdas. Muitas prisões eram originalmente escolas e, portanto, são inadequadas para manter os presos por um longo período.

Segundo as autoridades curdas, cerca de 12.000 jihadistas de mais de 50 nacionalidades – europeias e outras – estão detidos em suas prisões. Há anos que pedem, em vão, a sua repatriação.

Apesar de sua derrota, o EI ainda consegue realizar ataques mortais usando células adormecidas.

Desencadeada em março de 2011 pela repressão às manifestações pró-democracia, a guerra na Síria tornou-se mais complexa ao longo dos anos com o envolvimento de potências regionais e internacionais e a ascensão de jihadistas.

O conflito matou cerca de 500.000 pessoas de acordo com o OSDH, devastou a infraestrutura do país e deslocou milhões de pessoas.

Com informações ds AFP