O tema é polêmico e tem gerado muitos debates, revolta e desconfiança, com acusações de todos os lados. Quem acredita em pesquisas eleitorais? O assunto é recorrente e coloca em xeque o trabalho desenvolvido no país pelos institutos de pesquisas, que constantemente são bombardeados por causa da metodologia empregada nos levantamentos de dados.

A descrença generalizada de muitos candidatos, que se consideram prejudicados nas pesquisas vistas como tendenciosas, e o apoio irrestrito de outros que acabam beneficiados nessas estatísticas se tornaram um divisor de águas. As acusações sobre fraudes praticadas pelos institutos são um fato corriqueiro e não há punição para possíveis erros.

Na cabeça de milhões de eleitores, já surgiram ideias as mais controversas sobre as empresas que trabalham com pesquisas eleitorais. Muitos as defendem por considerarem corretas, enquanto outros apontam que há objetivos claros de beneficiar esse ou aquele candidato, desde que pague um bom dinheiro aos institutos para fraudarem os dados.

Diante desse quadro de desconfiança, já passou da hora de haver mais transparência nessas pesquisas, até mesmo para mostrar a lisura desse trabalho. A verdade é que isso não existe e a pergunta fica solta no ar: quem acredita nas pesquisas? Até que prove o contrário, a dúvida vai continuar por tempo indefinido.

Os erros cometidos nas pesquisas tomaram proporções alarmantes e, em muitos levantamentos de dados, os institutos não chegam nem perto sobre o resultado final de votos de um candidato, colocando em xeque esse trabalho. Um exemplo prático desses erros aconteceu em 2018, quando todos os institutos apresentaram pesquisas mostrando que Jair Bolsonaro não chegaria ao segundo turno nas eleições presidenciais. Quem é hoje o presidente da República?

Há uma luz no fim do túnel e esse cenário de incerteza pode mudar com a tramitação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 11.245/18, que cria uma lei específica para as pesquisas eleitorais, com regras detalhadas sobre o registro de empresas; divulgação de resultados; acesso aos dados das pesquisas; impugnações e penalidades.

O texto, de autoria do deputado Aliel Machado e do ex-deputado João Arruda, tem como principal novidade a transparência. As pesquisas serão inscritas em um sistema eletrônico à disposição da população, que também terá acesso às informações sobre o instituto de pesquisa.

Outra mudança é permitir que o Ministério Público, candidatos, partidos políticos e coligações acionem a Justiça em busca de dados adicionais, incluindo as informações dos dispositivos usados pelos pesquisadores – que além de dados também trazem gravações das entrevistas.

A proposta também prevê punições aos infratores. O instituto que desrespeitar as regras ou praticar fraude nas pesquisas poderá ser multado em até R$ 100 milhões. A fraude também poderá resultar na perda do registro da empresa e na divulgação dos dados corretos com o mesmo espaço e no mesmo veículo impresso ou eletrônico.

Ao eleitor desconfiado, só resta agora acompanhar a tramitação do projeto de lei na Câmara dos Deputados e torcer para que seja aprovado. Aos institutos de pesquisas fica aqui o recado: procure trabalhar com transparência rapidamente, porque as fraudes podem estar com os dias contados.