O ex-secretário de Saúde da Paraíba Waldson de Souza fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre os 25 nomes implicados por Souza em sua delação está o do governador do Estado, João Azevedo (Cidadania).
O acordo foi firmado no âmbito da Operação Calvário, deflagrada para desarticular uma organização criminosa instalada no governo da Paraíba. O caso está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância responsável por casos envolvendo governadores. Waldson de Souza foi um dos alvos da calvário e chegou a ser preso.
No documento ao qual a coluna teve acesso, o ex-secretário afirma que João Azevedo, já no cargo de governador, “atuou de forma efetiva para obstruir a justiça, orientando seus comparsas após a deflagração da Operação Calvário na Paraíba, no sentido de destruir provas, esconder conexões e camuflar” a suposta organização criminosa envolvendo a cúpula do governo do Estado. Procurado, o governador João Azevedo ainda não respondeu o contato da coluna.
Souza afirma que o governador sabia de detalhes de todas operações policiais antes de as ações serem deflagradas e diz que João Azevedo passava essas informações a integrantes da organização criminosa. Em depoimento por escrito, o delator conta que chegou a participar de uma reunião, em 29 de abril de 2019, em que o governador João Azevedo antecipou a informação de que seria realizada uma operação policial.
“Quando fora cumprido o mandado de busca e apreensão da residência de Gilberto Carneiro, já sabíamos de tudo como iria ocorrer, pois fomos convocados (Eu, Claúdia Veras, Buba Germano e Geraldo Medeiros) para uma reunião na granja no dia 29 de abril de 2019, na oportunidade foi chamando para entrar no escritório um a um para passar as instruções e o que ocorreria”, afirmou o ex-secretário de Saúde.
Ex-procurCom informações do Jornal O Globoador e ex-secretário de Administração da Paraíba, Gilberto Carneiro, que era homem forte do ex-governador Ricardo Coutinho, chegou a ser preso. Segundo o delator, Carneiro era “responsável pelas condução de toda a parte jurídica que escamoteava as operações criminosas, bem como fazia a interlocução da mesma com membros do Poder Judiciário e TCE-PB, inclusive com cooptação de membros de tais instituições”.
O ex-secretário da Saúde conta ainda que, na mesma reunião, o governador o exonerou do cargo, mas garantiu a ele e a outros presentes que, naquele momento, ninguém seria preso.
“Lembro bem, pois apesar de nos informar da operação citada, ainda me exonerou e deixou claro que estava seguindo orientação do MP — não citou nome — mas informou que ocorreria uma operação do GAECO no dia seguinte ou após ao feriado do dia 01 de Maio, deixando todos cientes que seria apenas na casa de Gilberto e que eu poderia ficar tranquilo naquele momento e que ninguém iria ser preso, o que de fato ocorreu no dia seguinte a nossa conversa, dia 30 de abril de 2019”, relatou Waldson de Souza.
O delator descreve João Azevedo como “herdeiro político” do antecessor no cargo, Ricardo Coutinho. Afirma que o governador se comprometeu a “manter e fortalecer o propinoduto criado por Ricardo Coutinho, tendo sido um dos principais beneficiários diretos dos recursos desviados na gestão”.
Com informações do Jornal o Globo