(ANSA) – A Italia Trasporto Aereo (ITA), companhia aérea estatal criada pelo governo italiano para superar de forma definitiva a crise na agora extinta Alitalia, iniciou suas operações nesta sexta-feira (15).

O primeiro voo da ITA Airways partiu de Milão-Linate às 6h30 (horário local), com 60 passageiros, e pousou no aeroporto de Bari-Palese, no extremo-sul do país, às 7h35, com o código AZ1637 – as letras AZ são as mesmas que eram usadas pela Alitalia.

A nova companhia não tem nenhuma relação econômica e legal com sua predecessora, porém a equipe de bordo ainda usou os uniformes da Alitalia, marca que foi comprada pela ITA na última quinta-feira (14) por 90 milhões de euros.

Apesar disso, a empresa deve operar sob o nome de ITA Airways para dar um sinal de descontinuidade. “A partir de hoje, o nome da empresa é este [ITA Airways]. É um nome que olha adiante, olha para o futuro”, declarou o CEO da companhia aérea, Fabio Lazzerini, em coletiva de imprensa nesta sexta.

Segundo ele, a compra da marca Alitalia foi uma forma de “não desperdiçar um valor”. “Quisemos manter as cores da Alitalia, e a compra da marca reflete essa lógica”, acrescentou.

A identidade visual da ITA foi apresentada apenas nesta sexta e prevê aviões azuis, com o logotipo em branco e as cores da bandeira italiana na cauda. “Queríamos algo que nos representasse com honra no mundo”, explicou Giovanni Perosino, diretor de marketing da empresa.

Já a letra “A” estilizada que simbolizava o logo da Alitalia será inserida nas turbinas das aeronaves. “Esses aviões [com essa identidade] ainda não existem, mas existirão em breve, nos próximos meses”, ressaltou Perosino.

Incertezas – A ITA Airways inicia sua trajetória com uma frota de 52 aviões, quantia que deve ser aumentada para 78 em 2022 e 105 até o fim de 2025, e usará como hubs os aeroportos de Roma-Fiumicino e Milão-Linate.

Em um primeiro momento, as rotas cobrirão 45 destinos (podendo chegar a 74 até 2025), incluindo Nova York, Miami, Tóquio, São Paulo e Buenos Aires. A força de trabalho será de 2,8 mil funcionários, quase todos eles provenientes da Alitalia, que tinha 10,5 mil empregados.

A incerteza quanto ao futuro das quase 8 mil pessoas que não foram incorporadas pela ITA motivou um protesto de trabalhadores em Fiumicino nesta sexta-feira. “Estamos aqui para pedir aos gestores garantias de contratação”, disseram os sindicatos que organizaram o ato.

Crise – Fundada em 1946 como companhia de bandeira da Itália, a Alitalia viveu sua era de ouro entre o pós-guerra e a década de 1980, mas entrou em crise em meados dos anos 1990 e nunca mais conseguiu se recuperar, nem mesmo após a privatização, no início de 2009.

Seus últimos donos foram a holding Compagnia Aerea Italiana (CAI), presente desde a privatização e que detinha 51% das ações, e o grupo árabe Etihad Airways, que respondia pelos 49% restantes.

Em 2017, no entanto, uma crise de liquidez deixou a Alitalia à beira da falência e fez o governo italiano intervir em sua administração. O objetivo era sanar as contas da empresa e encontrar um comprador, mas nenhuma companhia quis se aventurar no negócio.

Nesse período, a Alitalia só sobreviveu graças a empréstimos públicos que totalizaram 1,3 bilhão de euros, sendo que o repasse de 900 milhões desse montante já foi declarado ilegal pela União Europeia e terá de ser restituído.

O bloco possui normas rígidas sobre ajudas estatais a empresas privadas, o que fez o governo optar, no ano passado, pela estratégia de fundar uma nova companhia aérea ao invés de simplesmente reestatizar a Alitalia.

Com informações da ANSA