Em seu discurso de agradecimento, Merkel pediu que os países europeus superem suas diferenças. “Somente uma Europa unida é uma Europa forte”, disse. “Este é o lema da coexistência da UE.”

Em relação a “forças centrífugas” que ameaçam a coesão do bloco, Merkel alertou: “Quando a curto e médio prazo interesses nacionais se sobrepõem ao projeto comum europeu ou à base jurídica, acabaremos tendo problemas.”

Merkel ressaltou que viu como uma “obrigação duradoura, tanto proteger a paz dentro da Europa e nossa ordem liberal, como também defender a paz e os direitos humanos em nossos vizinhos e no mundo”.

Especialmente no contexto de crises, a UE precisa estar em condições de tomar e implementar decisões comuns mais rapidamente do que ocorreu no passado, afirmou a chanceler federal, que permanece no cargo até que um novo governo seja formado após as eleições gerais do mês passado.

Merkel também falou sobre o combate às mudanças climáticas, prevendo que implementar o chamado Acordo Verde, fechado em dezembro passado, exigirá um “trabalho muito duro”. O pacto estabelece um plano para reduzir as emissões em 55% ao longo desta década e atingir a neutralidade de carbono no bloco até 2050.

“Eu não estarei mais presente, mas vou observar de perto quão longe vai a capacidade de comprometer-se”, afirmou diante da plateia no Monastério de Yuste, em Cáceres, que contou também com a presença do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez.

“As pessoas falam com frequência demais sobre os custos da proteção ambiental e muito pouco sobre os custos de falhar na proteção climática”, disse, fazendo referência às enchentes catastróficas que atingiram a Alemanha em julho.

Ela pediu que sejam colocadas em foco “novas oportunidades de mercado, novas tecnologias e novas oportunidades de trabalho” decorrentes da transição energética.

Terceira mulher premiada

Esta foi a segunda vez que o Prêmio Carlos V foi entregue a um chanceler federal alemão, depois de Helmut Kohl, homenageado em 2006.

Merkel é a terceira mulher a receber a honraria, após a primeira presidente do Parlamento Europeu, Simone Veil, em 2008, e a idealizadora do programa Erasmus de intercâmbio entre universidade europeias, Sofia Corradi, em 2016.

Figuram também na lista de agraciados com o prêmio o ex-líder da União Soviética Mikhail Gorbatchev e Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 e que foi o primeiro a receber a homenagem.

O prêmio costuma ser entregue em 9 de maio, o Dia da Europa, mas neste ano a cerimônia foi postergada devido à pandemia de covid-19.

Com informações da AFP