O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou nesta terça-feira, 27, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro por dar informações falsas sobre vacinas contra a Covid-19 e o chamou de “imbecil” e “palhaço”.
Maduro também classificou Bolsonaro como “irresponsável” e afirmou que ele comete “loucuras contra o povo brasileiro, contra a humanidade e contra a Venezuela”.
“O imbecil do Jair Bolsonaro no Brasil… imbecil, palhaço, disse ontem uma estupidez típica de alguém de direita, desprestigiado (…) ele disse que as vacinas contra o coronavírus, quando aplicadas, causavam Aids”, declarou o presidente venezuelano em um discurso transmitido pela emissora estatal Venezolana de Televisión (VTV).
Maduro referia-se a uma live feita por Bolsonaro no último dia 21, na qual o presidente brasileiro leu uma notícia falsa e associou a vacina contra Covid-19 ao surgimento de casos de HIV/Aids. Deputados federais de oposição, do PSOL e do PDT, protocolaram no STF uma notícia-crime contra Bolsonaro pelas declarações.
“Bolsonaro, todos os dias, passa seu tempo falando mal da Venezuela, em vez de se dedicar a governar e atender o povo. O Brasil atingiu 600 mil mortes pelo coronavírus”, afirmou Maduro.
Apesar das declarações contra o presidente brasileiro, Nicolás Maduro também propagou notícias falsas sobre a Covid-19. Em março deste ano, o Facebook suspendeu por 30 dias a página do presidente da Venezuela por incentivar o uso do remédio Carvativir, ao qual chamou de “gotinhas milagrosas” para curar a doença. A droga não tem estudos publicados sobre a eficácia contra o coronavírus Sars-CoV-2.
Oficialmente, a Venezuela registrou até o momento pouco mais de 400.000 e 4.810 mortes causadas pela Covid-19. Segundo o governo, mais de 1,1 milhão de pessoas foram vacinadas e 70% da população será totalmente imunizada até o final de outubro.
É consenso, porém, que os dados divulgados pelo governo não são confiáveis. Em junho, a ONG Médicos Unidos da Venezuela (MUV) alertou que a pandemia estava “fora de controle” no país, considerando que não há “controle das informações”, das mortes ou “do que acontece nos hospitais”.
Os profissionais de saúde estão às escuras e precisaram agir secretamente em busca de informações confiáveis. Médicos e enfermeiras se uniram em redes clandestinas, para coletar dados dos hospitais e enviá-los a institutos de pesquisa e organizações não-governamentais (ONGs), para serem compilados e divulgados.
Com a ajuda das informações coletadas de forma independente, a revista Nature estimou que os números reais de casos e de mortes por Covid-19 no país seja entre cinco e sete vezes maior que os oficiais.
Com informações da Veja.com