© ADALBERTO ROQUE ‘As ruas pertencem aos revolucionários’, diz cartaz de manifestante pró-governo, durante protesto contra o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, em Havana, 11 jul. 2021
A Human Rights Watch (HRW) acusou o governo cubano, nesta terça-feira (19), de realizar sistematicamente prisões arbitrárias, maus-tratos contra pessoas detidas e julgamentos abusivos, em represália pelos protestos pacíficos que surgiram na ilha em 11 de julho de 2021.
“Quando milhares de cubanos foram às ruas em julho, o governo respondeu mobilizando uma estratégia brutal de repressão destinada a incutir medo na população e reprimir a dissidência”, afirmou Juan Pappier, pesquisador da HRW para as Américas, no último relatório desta organização com sede nos Estados Unidos.
As autoridades prenderam mais de 1.000 pessoas durante a onda repressiva. Deste total, mais de 500 continuam atrás das grades, e muitas outras, em prisão domiciliar, disse a HRW, citando a ONG cubana Cubalex.
“Manifestantes pacíficos e outros críticos foram sistematicamente detidos, mantidos incomunicáveis, submetidos a abusos em condições carcerárias nefastas e julgados em processos que são uma verdadeira farsa”, denunciou Pappier.
Os autores do relatório documentaram em detalhe as violações dos direitos humanos contra 130 pessoas em 13 das 15 províncias cubanas, assim como na Ilha da Juventude, um município especial.
Entre julho e outubro, a HRW entrevistou mais de 150 pessoas, incluindo ativistas, vítimas, familiares e advogados com conhecimento direto dos casos. A organização também consultou documentos judiciais e corroborou vários vídeos e fotos.
Em 11 de julho, milhares de cidadãos saíram às ruas de cerca de 50 cidades de Cuba aos gritos de “estamos com fome” e “liberdade”. Sem precedentes desde a Revolução de 1959, estes protestos deixaram pelo menos um morto e dezenas de feridos.
A oposição planeja voltar às ruas em 15 de novembro, apesar da proibição das autoridades da ilha.
Com informações da AFP