A projeção é que, nesse período, o acordo, nos termos que estão sendo negociados, levaria a um crescimento de 49% nas exportações do Brasil para a Coreia, na comparação com o que ocorreria sem o fim das barreiras. As vendas do país asiático para os brasileiros aumentariam 250%.
“O nível de proteção da Coreia já é bem mais baixo do que do Brasil, por isso, quando você abre a nossa economia, o ganho deles é maior. Mas não temos que nos preocupar em qual país está ganhando mais, e sim se o Brasil está ganhando e pronto. É um jogo de cooperação, se eu estou ganhando, é melhor para mim do que se eu não fizer o acordo”, afirmou o coordenador de Estudos em Relações Econômicas Internacionais do Ipea, Fernando José Ribeiro, responsável pelo estudo.
O acordo com os sul-coreanos vem sendo negociado por Brasil e Uruguai, mas tem a oposição da Argentina. Pelas regras do Mercosul, porém, acordos tarifários só podem ser firmados com países de fora do bloco com o aval de todos os membros.
Os representantes do governo brasileiro tentam, até agora sem sucesso, mudar as regras para permitir que os países-membros possam firmar entendimentos com outros países bilateralmente, o que permitiria, por exemplo, o fechamento das negociações com a Coreia do Sul.
Segundo o estudo do Ipea, o PIB brasileiro teria um incremento de R$ 66 bilhões (0,49%) e de 1,16% no investimento e 0,32% no salário real com a implementação total do acordo, em 20 anos.
Além disso, haveria ganho de bem-estar para os consumidores brasileiros com a redução de preços em geral, que representaria US$ 4,75 bilhões.
“Utilizamos o modelo de equilíbrio geral, que considera os efeitos da redução tarifária não apenas em cada setor, mas analisa os impactos secundários sobre o resto da economia. É uma medida mais precisa porque questiona se, no fim das contas, a sociedade como um todo estará melhor ou pior depois do acordo. Neste caso, é positivo”, completou.
Setores
Ao analisar os ramos de atividade, o estudo demonstrou que o principal beneficiado seria o setor agrícola, que é justamente o que mais é prejudicado pelas barreiras tarifárias da Coreia do Sul. Para esses produtos, a projeção é de um aumento de 109,7% no valor exportado. Para o setor de serviços, o crescimento nas exportações seria de 91,13%.
No caso da indústria de transformação, haveria aumento de 34,59% nas exportações. Para a indústria extrativa mineral, porém, há previsão de queda de 0,02% com o acordo, nos termos negociados atualmente.
Abrindo a observação por setores, há perdas de produção concentradas em três: equipamentos eletrônicos (- 2,6%), veículos (- 0,4%) e peças e têxteis (-0,1%).
“É onde a Coreia é muito competitiva e o Brasil tem um problema de competitividade muito sério. Pode-se pensar em maneiras de aliviar o impacto sobre setores específicos, se for o caso”, completa o pesquisador.
Com informações do Estadão