(ANSA) – A quantidade de pessoas que passou fome em 2020 aumentou cerca de 18% em 2020, em número total que chega a até 811 milhões de pessoas, informou um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) nesta segunda-feira (12). Foram 118 milhões de pessoas a mais vivendo nessa situação.

    Segundo o documento, a principal causadora do retrocesso foi a pandemia de Covid-19, em dados que se assemelham aos valores registrados em 2005.

    Outro ponto impressionante do relatório “O estado da segurança alimentar e nutrição no mundo 2020 (Sofi)” é que 2,3 bilhões de cidadãos tiveram uma alimentação inadequada ao longo do ano, ou seja, viveram em insegurança alimentar. O dado é maior do que a soma dos cinco anos anteriores.

    A maior quantidade, em valores absolutos, de pessoas que passaram fome vive na Ásia (418 milhões), em segundo vem a África (282 milhões) e a América Latina e Caribe aparecem em terceiro (60 milhões). “Mas o aumento mais acentuado da fome foi na África, onde a prevalência estimada de desnutrição – de 21% da população – é mais do que o dobro de qualquer outra região”, pontua o documento.

    O relatório ressalta que “a má-nutrição é persistente em todas as formas, com as crianças pagando um preço alto: em 2020, mais de 149 milhões de pessoas com menos de 5 anos são raquíticas ou menores em altura para a sua idade; mais de 45 milhões estão muito magras para a sua idade; e 39 milhões estão com sobrepeso”. A FAO destaca que a subnutrição e a obesidade são “ambas formas de má-nutrição”.

    Os analistas destacam que os números de 2020 colocam em risco o objetivo de zerar a fome no mundo até 2030, uma das metas mais importantes da Agenda 2030. De acordo com a análise, se a tendência se mantiver, 660 milhões de pessoas continuarão a passar fome no ano-alvo, sendo que cerca de 30 milhões ainda estarão ligadas aos efeitos de longo prazo da pandemia.

    América Latina – A FAO na América Latina publicou em seu site o corte mais regionalizado da pesquisa, e destacou que “embora a África seja a região onde os níveis mais altos de insegurança alimentar total são observados, é na América Latina e no Caribe que a insegurança alimentar está aumentando mais rapidamente: cresceu de 22,9% em 2014 para 31,7% em 2019, devido a um aumento acentuado na América do Sul”.

    Conforme o documento, cerca de 9% da população vive “em grave segurança alimentar” e que “quase um terço dos habitantes da região, -205 milhões de pessoas – vive em condições de insegurança alimentar moderada, o que ocorre quando as pessoas enfrentam incerteza em sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir a quantidade ou a qualidade dos alimentos que consomem”.

    “A América Latina e o Caribe são a única região em desenvolvimento com uma prevalência de emaciação (meninos e meninas com peso abaixo do recomendado para sua altura) abaixo dos objetivos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: 1,3%”, ressalta ainda o texto.