Férias de verão, chegada em massa de turistas e festas sem nenhuma ou poucas restrições: a Espanha enfrenta um aumento das contaminações pela variante Delta, no que pode ser o começo de uma nova onda de Covid-19 no país. A região da Catalunha, no nordeste, uma das mais atingidas pelos novos casos da doença, anunciou novas medidas para frear os contágios nesta terça-feira (6).

© AP – Emilio Morenatti

Um mês após o fim das restrições contra a Covid-19, a Espanha é palco de um preocupante aumento de infecções, especialmente entre a população mais jovem. A situação obriga as autoridades a estudarem um reforço das restrições à medida em que a vacinação avança. Desde 26 de junho, as máscaras não são mais obrigatórias em ambientes ao ar livre.

“Os dados não são nada bons”, afirma Fernando Simón, epidemiologista-chefe do Ministério da Saúde da Espanha. Segundo ele, a situação é “complicada”, embora o país ainda não tenha começado a enfrentar as consequências desta nova onda, com o aumento de hospitalizações ou mortes. 

O Ministério da Saúde relatou nesta segunda-feira (5) 32.607 novos casos de Covid-19 e 23 mortes nas últimas 72 horas. A incidência acumulada é de 204 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, com uma média de 152,8 na última sexta-feira (2), quando foram divulgados os últimos números oficiais. Entre os jovens, as estatísticas são mais alarmantes; a média é de 600 casos por mil habitantes. 

Paralelamente, a campanha de vacinação se acelera. Até o momento, 40,3% dos 47 milhões de espanhóis estão totalmente imunizados contra o coronavírus e 55,9% já receberam pelo menos uma dose. Com quase 81 mil mortes e mais de 3,8 milhões de casos registrados, a Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia na Europa.

Discotecas voltam a fechar

Diante do agravamento da epidemia, várias regiões espanholas estudam o restabelecimento das restrições. A Catalunha, um dos principais destinos turísticos da Europa durante o verão no Hemisfério Norte, resolveu se antecipar e impôs novas medidas. 

Segundo a porta-voz do governo autônomo catalão, Patricia Plaja, discotecas e outros locais noturnos de diversão em espaços fechados devem parar de funcionar a partir do final desta semana. Segundo ela, também será necessário apresentar um teste PCR negativo à Covid-19 ou estar vacinado para participar de eventos ao ar livre com mais de 500 pessoas.

“A situação epidemiológica na Catalunha é extremamente complicada. O número de casos cresce a um ritmo exponencial, muito superior ao que podemos superar”, ressaltou Plaja. “A pandemia não terminou, as novas variantes são muito contagiosas e temos camadas importantes da população que não estão vacinadas. Não podemos fingir que vencemos o vírus”, reiterou.

De acordo com as autoridades é “o turismo da festa” o responsável pelo aumento de casos na região, célebre por suas casas noturnas e boates. No último domingo (4), a Catalunha registrou 5.379 novos casos. 

“Inexistente desde abril, a variante Delta representa hoje 20% dos casos, 17% dos testes positivos em Barcelona e 13% em toda a região”, indicou o médico espanhol Eric Ding em seu Twitter. Segundo ele, a média da idade das novas contaminações é de 27 anos e as hospitalizações aumentaram 21% nos últimos 10 dias. 

Na semana passada, um grande surto nas Ilhas Baleares deixou pelo menos 1.824 pessoas infectadas após o retorno à península de centenas de jovens que viajaram a Maiorca. Quase 6 mil foram colocados em quarentena.