O MPPB também fixou uma multa no valor R$ 215.989.501,72, pelos gastos com os codificados, a título de reparação dos danos morais e materiais cometidos com a infração. O valor milionário se refere à soma dos valores impostos ao Estado da Paraíba com as condutas do Ricardo Coutinho, a título de Contribuição Previdenciária dos Segurados e de Contribuição Previdenciária da Empresa e do Empregador, em decorrência dos pagamentos ordenados aos servidores ilicitamente aceitos a título de codificados.
A base para a nova denúncia foi a contratação de servidores codificados na Secretaria de Estado da Saúde (SES) entre os anos de 2011 e 2017, o que, segundo os investigadores, violou a Lei de Responsabilidade Fiscal. A contratação desse tipo de funcionário para o estado resultou na inelegibilidade para Ricardo por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O mecanismo, conforme o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado, teria rendido dividendos políticos e econômicos através da adoção de métodos fraudulentos para contratação de fornecedores, como por inexigibilidade de licitação, processos licitatórios viciados, sobrepreço, excedentes contratuais, distribuição de valores por programas de fomento, o Empreender Paraíba, e a distribuição de postos de trabalho como codificados e da posterior lavagem de dinheiro.
Ainda conforme a denúncia a contratação desse tipo de servidor se tornou uma das principais “moedas de troca”, da gestão de RC, já que parte dos beneficiados eram pessoas ligadas ou indicadas por membros da organização, agentes políticos ou lideranças.
Vale ressaltar que as contratações de codificados já vigoravam em gestões anteriores no Estado, porém o pagamento anteriormente era feito com recursos repassados do Governo Federal para o custeio de Média e Alta Complexidade.
“Esse método de pagamento foi instituído por governos anteriores, mas não nesta formatação, pois antes de 2011, pagava-se a esses (CODIFICADOS), com recursos proveniente dos Repasses do Governo Federal para o custeio da Média e Alta Complexidade, a chamada Produtividade SUS, mas quando da assunção da empresa criminosa, a gestão dessa verba não mais estava disponível e não havia perspectiva de recebimento da mesma, pois a gestão anterior concedeu a Gestão Plena a todos os municípios da Paraíba, o que retirou o teto financeiro do Estado, sendo repassado aos municípios. Com esta situação posta, o governo de Ricardo Vieira Coutinho naquele momento só podia custear essa despesa com pessoal “Codificado”, com recursos próprios, configurando-se clara opção pela ilegalidade”, diz trecho da denúncia do MPPB.
De acordo com a investigação, as contratações ilegais resultaram em um quadro de pessoal hiperdimensionado, o que ajudaria a aliados, como as deputadas Estela Bezerra (PSB), Cida Ramos (PSB) e a ex-prefeita de Conde, Márcia Lucena (PSB).
Durante ação do MPPB e Gaeco, apreensão de celulares mostra a participação direta de Ricardo na contratação dos referidos servidores, inclusive por indicação de deputados, vereadores e aliados políticos, chegando em um dos casos, como por exemplo no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, a serem ‘distribuídas’ 800 vagas para aliados.
A acusação protocolada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) aponta que o ex-governador Ricardo Coutinho cometeu crimes contra a gestão pública, por omitir, em documento público, “declaração de que dele devia constar (codificados), em claro desrespeito a legislação, ocultando o quantitativo de pessoal com o fim de alterar a verdade sobre fato, com o único propósito de manter as ações de sua empresa criminosa”.
Com informações do MPPB