Esse resultado levantou dúvidas sobre a estratégia de Le Pen de “limpar” a imagem da formação e se posicionar mais como um partido convencional de direita. Os eleitores tradicionais do RN boicotaram as urnas, contribuindo para uma taxa de abstenção recorde (66%). Os simpatizantes lepenistas mais radicais não se enxergam mais no discurso ponderado adotado pela líder, visando melhorar sua aceitação e aumentar sua base eleitoral.
Em declarações à imprensa, Le Pen, de 52 anos, disse que se sentia “extremamente combativa” para sua terceira candidatura à presidência francesa. “Não tenho dúvidas sobre o que deve ser feito pela França”, disse.
As pesquisas apontam um novo duelo entre a populista e Macron, que a superou com folga no segundo turno das eleições de 2017. Mas as regionais abalaram esse cenário. As aspirações de Le Pen foram frustradas, mas também as de Macron, cujo partido A República em Marcha colheu os piores resultados entre as principais legendas.
Novos candidatos podem mudar cenário
Os vencedores das eleições regionais foram as formações tradicionais de direita e de esquerda, Os Republicanos e o Partido Socialista, que haviam sido esmagados pelo fenômeno Macron em 2017 e que agora parecem recuperar terreno. Tanto o presidente quanto Le Pen minimizaram esse revés, argumentando que as eleições regionais não servem para prever os resultados nacionais.
As últimas pesquisas mostram que ambos passariam para o segundo turno das eleições presidenciais, nas quais Macron venceria por uma boa margem sobre Le Pen. Ainda assim, o surgimento de um candidato forte na direita tradicional poderia ser uma dor de cabeça tanto para o presidente de centro quanto para os esperançosos da extrema direita. Uma segunda candidatura de extrema direita, no caso do jornalista Eric Zemmour, também poderia atrapalhar os planos de Le Pen, dividindo o eleitorado nacionalista.
Com informações da AFP
A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, foi reeleita neste domingo (4) para um quarto mandato como presidente de seu partido, Reagrupamento Nacional (RN), durante a Convenção da sigla em Perpignan (sul). Candidata única à própria sucessão, ela recebeu 98,35% dos votos dos militantes. O jovem Jordan Bardella, de 25 anos, foi eleito primeiro vice-presidente do RN e irá assumir as rédeas do partido durante a campanha presidencial de 2022.