Israel criou uma comissão parlamentar para investigar acusações de que o polêmico programa de vigilância telefônica Pegasus, do Grupo NSO, teria sido utilizado de forma indevida – informou o líder da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento, nesta quinta-feira(22).

“A comissão de Defesa nomeou uma comissão de revisão composta por vários grupos”, disse o legislador Ram Ben Barak à rádio do Exército.

“Quando eles terminarem a revisão, exigiremos ver os resultados e avaliar se as correções são necessárias”, acrescentou o ex-chefe adjunto da agência de espionagem israelense Mossad.

O Pegasus foi relacionado à suposta vigilância massiva de jornalistas, ativistas dos direitos humanos e 14 chefes de Estado. Seus números de telefone estavam entre os 50.000 possíveis alvos de vigilância em uma lista que vazou para a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional e a Forbidden Stories, com sede em Paris.

O NSO afirma que “não é uma lista de alvos, ou potenciais alvos, para o Pegasus”.

O presidente da NSO, Shalev Hulio, disse à rádio do Exército nesta quinta-feira que “ficaria muito satisfeito se houvesse uma investigação, para que possamos limpar nosso nome”. Ele também alegou que houve um esforço “para desacreditar toda indústria cibernética israelense”.

Hulio explicou que a empresa, que exporta seus serviços para 45 países com a anuência do governo israelense, não podia revelar os detalhes de seus contratos por “questões de sigilo”. Afirmou, no entanto, que daria total transparência a qualquer governo que solicitá-los.

“Se uma entidade estatal, ou um funcionário de qualquer Estado, pedir informações, estarei preparado para revelar tudo a eles, para permitir que entrem, que possam investigar de cima a baixo”, declarou.

Ben Barak disse, por sua vez, que é prioridade para Israel “revisar todo este assunto de licenciamento”.

“O Pegasus desmascarou muitas células terroristas, mas, se foi mal utilizado, ou vendido para organizações irresponsáveis, é algo que temos que verificar”, frisou.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, pediu na quarta-feira (21) uma suspensão do programa de vigilância cibernética.

O Pegasus pode invadir telefones celulares sem que o dono do aparelho saiba, permitindo que os clientes leiam todas as mensagens, rastreiem a localização do usuário e acessem a câmera e o microfone.

Com informações da AFP