“Todas as forças da coalizão já deixaram Bagram”, disse um funcionário de alto escalão das forças dos EUA no Afeganistão, que pediu para permanecer anônimo, à agência de notícias Efe.
Um porta-voz do Ministério da Defesa afegão confirmou que “todas as tropas da coalizão e dos EUA deixaram a base aérea de Bagram na noite passada. A base foi entregue à ANDSF (Forças de Defesa e Segurança Nacional do Afeganistão)”.
“A ANDSF protegerá a base e a usará para combater o terrorismo”, acrescentou.
A tomada do comando da base aérea, localizada cerca de 70 quilômetros ao norte de Cabul, faz parte do processo de transferência acordado com os EUA para a retirada das tropas internacionais.
Conforme planejado, as forças dos EUA e da OTAN entregariam equipamentos e instalações militares ao Afeganistão antes da retirada de seus soldados do país, que começou em 1º de maio.
Durante anúncio da retirada, em abril, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que é “hora de acabar com a nossa guerra mais longa”, ressaltando ser o quarto presidente a participar dela.
Com a transferência de Bagram, os EUA encerram sua presença militar em seu campo de aviação mais importante no Afeganistão, após quase duas décadas de conflito, junto a forças pró-governo, contra os talibãs.
Os aliados da OTAN também já começaram a retirar seus cerca de 7.000 soldados. No entanto, a saída das forças internacionais foi acompanhada por um aumento da violência no país asiático.
Desde o início da retirada americana em 1º de maio, o Talibã tomou o controle de quase 80 dos 407 distritos das forças governamentais, levantando sérias preocupações entre os afegãos quanto à sua intenção de encerrar a guerra de 20 anos pela via pacífica.
A guerra no Afeganistão, a mais longa da história dos EUA, começou em outubro de 2001 com a missão de caçar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, mentor dos ataques de 11 de setembro, que morreu durante uma operação americana no Paquistão em 2011.
“Bom passo para a paz”
Nesta sexta-feira, talibãs comemoraram a retirada da base aérea de Bagram e qualificaram o movimento como “um bom passo” para a paz no país.
“Acreditamos que é um bom passo para todos os afegãos e abre caminho para estabelecermos e mantermos a paz. A saída de todas as forças estrangeiras do país é benéfica tanto para os Estados Unidos quanto para os afegãos”, disse o principal porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid.
A instalação vinha sendo usada há muito tempo para lançar aviões de ataque contra o Talibã e outros grupos e se tornou o quartel-general das tropas de Operações Especiais dos EUA neste conflito.
O acordo feito previa que, em troca da retirada, o grupo reduziria seu apoio a grupos terroristas da região.