PEQUIM (Reuters) – Um importante diplomata chinês adotou um tom de confronto nesta segunda-feira, em raras reuniões de alto escalão com os Estados Unidos, acusando o país de criar um “inimigo imaginário” para desviar atenção de problemas domésticos e suprimir a China.
Em um momento em que as relações entre as duas maiores economias do mundo estão piorando, a vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, segunda principal diplomata dos EUA, chegou no domingo a Tianjin para reuniões que o Departamento de Estado descreveu como “francas e abertas”.
Não houve resultados específicos acordados e a perspectiva de uma reunião entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, não foi discutida, disseram autoridades do governo norte-americano após conversas que duraram cerca de quatro horas.
Pouco após o início das reuniões desta segunda-feira, a mídia estatal chinesa noticiou as declarações de confronto do vice-ministro das Relações Exteriores, Xie Feng, compartilhando uma abertura igualmente combativa por autoridades de alto escalão chinesas durante conversas de alto nível, em março, no Alasca.
“Os Estados Unidos querem reacender seu senso de propósito nacional estabelecendo a China como um ‘inimigo imaginário'”, teria dito Xie Feng segundo a reportagem, enquanto as reuniões ainda estavam em andamento.
Os Estados Unidos mobilizaram seu governo e sua sociedade para suprimir a China, acrescentou.
“Como se assim que o desenvolvimento da China fosse suprimido, os problemas internos e externos dos Estados Unidos estariam resolvidos, e a América seria grande novamente, e a hegemonia da América poderia continuar.”
Sherman deve se reunir com o Conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, mais tarde nesta segunda-feira.
Sua visita à China foi acrescentada posteriormente em seu itinerário na Ásia que inclui paradas no Japão, na Coreia do Sul e na Mongólia, com disputas sobre protocolo entre Pequim e Washington.
No sábado, Wang havia alertado que a China não aceitaria que os Estados Unidos adotassem uma posição “superior” na relação, um dia depois de a China anunciar sanções contra o ex-secretário do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, e outros.
A posição esperada de Sherman durante as reuniões, conforme afirmaram autoridades dos EUA, será de que os Estados Unidos aceitam a competição de Pequim, mas insistem que as condições sejam iguais e que haja “grades de proteção” para evitar conflitos.
O governo norte-americano e parlamentares têm criticado a política da China para Hong Kong e Xinjiang, com o Senado norte-americano aprovando uma lei este mês para banir importações da região do extremo Oriente, citando preocupações trabalhistas.
Na segunda-feira, Xie disse à imprensa chinesa que ele havia apresentado uma lista de exigência para os Estados Unidos “corrigirem” suas ações passadas contra a China, como sanções a autoridades.
As reuniões de segunda-feira acontecem durante relações desgastadas entre Pequim e Washington que pioraram nos meses desde uma reunião diplomática inicial em março em Anchorage, a primeira do governo do presidente norte-americano Joe Biden.
Na reunião no Alaska, autoridades chinesas, incluindo Wang, criticaram o estado da democracia dos EUA, e autoridades norte-americanas acusaram os chineses de arrogância.
Com informações da Reuters