Uma pesquisa feita esta semana pelo Instituto Civey para a revista Der Spiegel mostra que apenas 26% dos quase 5.000 entrevistados considera que ele é um bom gestor em caso de catástrofes.
“Em geral, a pessoa mostra do que é capaz durante as crises”, afirma Hans Vorlander, professor de Ciências Políticas da Universidade Técnica de Dresden, que citou como exemplo Gerhard Schröder, o ex-chanceler social-democrata que deve, em grande medida, sua reeleição à gestão rápida e eficaz durante as cheias do Elba em 2002; ou Merkel, que em 16 anos de governo superou várias crises.
Nesta área, Armin Laschet, que assumiu o controle do partido CDU em janeiro, sempre “careceu de determinação”, afirma o cientista político.
Depois das inundações de 14 e 15 de julho, que afetaram duramente a região de Renânia del Norte Westfalia que ele governa, o líder dos conservadores “demorou muito tempo a encontrar o tom adequado”, e depois aconteceu “este desastre de comunicação”, recorda Vorlander.
Ele faz referência às imagens – que viralizaram nas redes sociais – de Laschet sorrindo enquanto, em primeiro plano, o presidente alemão Frank Walter Steinmeier prestava homenagem no fim de semana passado às vítimas das inundações.
“Se Laschet quer ser chanceler, ele deve ser capaz de administrar a crise”, afirma o jornal Tagesspiegel, ao considerar que o comportamento dá margem para dúvidas sobre sua capacidade para ocupar o principal cargo da política do país.
“Isto não teria acontecido com Merkel”, a rainha do sangue frio, completa o jornal de Berlim.
Video: Angela Merkel llega a EU en su última visita como canciller de Alemania (Dailymotion)
Sóbria e empática, de acordo com os analistas, a chanceler manteve a postura na área das inundações. Armin Laschet pediu desculpas rapidamente.
O incidente parece relativamente neutro nas pesquisas de intenção de voto, nas quais os partidos de direita, a CDU e seu aliado bávaro CSU, têm entre 28% e 29%, superando os Verdes – seu principal adversário – em 10 pontos percentuais.
Laschet, geralmente subestimado, mas que demonstrou várias vezes sua capacidade de recuperação, agora terá que ser mais ambicioso na luta contra o aquecimento global, considerado em parte responsável pelas inundações devastadoras, segundo os especialistas.
“As inundações demonstraram a urgência de outra política climática”, afirma o Tagesspiegel, uma área ocupada quase exclusivamente pelos Verdes até agora.
O programa eleitoral dos conservadores inclui a meta de neutralidade de carbono até 2045.
O ex-rival de Armin Laschet pela candidatura conservadora, o bávaro Markus Soder, aumentou a pressão ao prometer acelerar o ritmo em sua região.
A Baviera aspira agora a neutralidade do carbono a partir de 2040 e propõe antecipar em oito anos, para 2030, o fim do uso do carvão. Um verdadeiro quebra-cabeças para Laschet, cujo estado federado está dominado pelas indústrias pesadas, em particular carvão e aço.
Apenas 26% dos alemães consideram Armin Laschet capaz de executar uma política climática eficaz, segundo uma pesquisa do instituto Civey, enquanto seu rival social-democrata Olaf Scholz registra 35% e a ecologista Annalena Baerbock 56%.
Com informações da AFP