“Estamos falando de passar para uma nova fase (…), na qual concluímos as operações de combate ao (grupo extremista) Estado Islâmico e passamos para uma missão de assessoramento e treinamento”, disse um alto funcionário da Casa Branca, afirmando que “novos ajustes” podem ser anunciados até o fim do ano.

“O Iraque pediu e nós estamos totalmente de acordo com a continuação das operações de treinamento, o apoio logístico, o apoio de inteligência, o apoio de assessoramento, tudo isso vai continuar”, afirmou a fonte.

A fonte não detalhou o que significaria esta mudança em termos de equipe, mas afirmou que seria uma mudança “significativa” e não só “semântica”.

Os líderes planejam uma reunião às 14h00 (15h00 no horário de Brasília) e não programaram uma coletiva de imprensa conjunta, apesar de terem prometido uma declaração.

Os quase 2.500 soldados americanos que continuam no país não combatem oficialmente, mas têm tarefas de “assessoramento e treinamento”.

Com sua visita a Washington, o primeiro-ministro iraquiano busca, além de anúncios concretos, reforçar sua imagem, encurralado entre sua aliança com Washington e as facções pró-Irã de seu país, segundo especialistas.

As facções, que exigem a saída total dos americanos, multiplicaram os ataques contra os soldados dos EUA no Iraque. Os especialistas, no entanto, não preveem uma retirada total, enquanto as células restantes dos EUA continuam ativas.

– Sem retirada à vista –

Na semana passada, o EI reivindicou um ataque suicida em um mercado de Bagdá que deixou 30 mortos, segundo dados oficiais.

Entretanto, as forças americanas no Iraque foram alvo de ataques de milícias pró-Irã que receberam retaliação militar de Washington.

Kazimi, líder de um país que sofre altos índices de violência, pobreza e corrupção, quer que Estados Unidos se comprometam, ao menos formalmente, a reavaliar sua presença no Iraque.

A três meses das eleições legislativas, Kazimi espera recuperar territórios de seu país que estão nas mãos de facções pró-iranianas hostis à presença americana.

O Iraque é um vínculo estratégico para Washington, que lidera uma coalizão internacional que combate o EI na Síria.

Deixar o Iraque à mercê da influência do Irã está fora de discussão para os Estados Unidos, devido às suas renovadas tensões com Teerã.

Neste contexto, “parece improvável que a quantidade de tropas americanas se reduza automaticamente”, disse o funcionário.

Ramzy Mardini, especialista em Iraque do Instituto Pearson da Universidade de Chicago, acredita que a reunião entre Biden e Kazimi foi marcada para ajudar o líder iraquiano a aliviar as pressões internas, “mas a realidade no terreno refletirá o status quo e uma presença permanente dos Estados Unidos”.

No entanto, o que os especialistas regionais mais temem é uma continuação, ou até mesmo uma intensificação, dos ataques dos pró-iranianos.

Na sexta-feira, um drone atacou uma base militar no Curdistão iraquiano, que abriga tropas americanas, mas não deixou vítimas.

O denominado Comitê de Coordenação da Resistência Iraquiana ameaçou, também na sexta-feira, continuar com os ataques até que todas as tropas americanas se retirem e a “ocupação” termine.