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A Comissão de Cultura da Câmara realizou audiência para discutir denúncias de censura na Empresa Brasileira de Comunicação, em especial parte da programação voltada para o combate ao racismo.
Segundo o cineasta e doutor em comunicação, Joel Zito Araújo, que já fez parte do Conselho Consultivo da empresa, atualmente a EBC está desconectada da realidade brasileira, deixando assim de cumprir seu papel de comunicação pública.
“Hoje eu vejo a transformação da TV Brasil em quase que uma televisão chapa branca. Eu não vejo ali espelhado um esforço dessa televisão de estar conectada com a maior preocupação do Brasil nesse momento que é esse profundo desastre social com a morte de quase 500 mil brasileiros pela Covid. Eu não vejo a EBC envolvida em campanhas educativas para ajudar o brasileiro a se cuidar. Eu não vejo no jornalismo da atual EBC a preocupação que se tinha antes com problemas graves da sociedade brasileira como o extermínio da juventude negra nas periferias brasileiras”.
A jornalista da EBC, Juliana Cézar Nunes, afirmou que é preciso resgatar os dez primeiros anos da empresa, quando era feita uma comunicação pública representativa da população brasileira de maioria negra, para que a emissora volte a ter um conteúdo de televisão pública de combate ao racismo.
Ao ser criada, a EBC ficou responsável pelos canais de rádio e TV que eram dirigidos pela estatal Radiobrás e pela Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto. O objetivo da nova empresa era unificar e gerir as emissoras federais já existente, instituindo o Sistema Público de Comunicação.
O diretor geral da EBC, Roni Baskis, afirmou que a montagem da programação das emissoras de TV e rádio não segue determinações de governos. Ele disse ainda que a programação continua sendo ampla, sem orientação para a redução de conteúdos de qualquer temática.
“Não existe qualquer orientação da direção da empresa de que tenha que ter diminuição desse tipo de conteúdo temático, aqui é relevante, é um assunto que nós consideramos relevante aqui dentro da casa. Talvez a única emissora que cumpra toda a legislação com relação à abordagem do tema, inclusive na semana da consciência negra em novembro, seja a Empresa Brasileira de Comunicação”.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que a reunião foi motivada por denúncias de que está existindo dentro da EBC uma censura em relação à temática do povo negro.
“Estamos vivendo um processo altamente ideológico e político que tem promovido uma série de atos de censura. A discriminação que nós estamos assistindo atuando com o cancelamento de programas, o cancelamento de políticas públicas, censura em campanhas publicitárias e de comunicação, isso tem impactado principalmente as questões raciais”.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi convidado para participar da reunião, mas não compareceu.
Com informações da Rádio Câmara