BRASÍLIA – Pressionado politicamente, o comandante-geral do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, optou por discutir o caso do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com todo o Alto Comando da Força. O comandante indicou a auxiliares que deseja uma solução de consenso sobre o que seria ato de indisciplina de Pazuello.
Nesta quarta-feira, 2, Paulo Sérgio levou a situação do general de Divisão da ativa, flagrado em manifestação política ao lado do presidente Jair Bolsonaro, à apreciação do Alto Comando. A reunião, no Quartel-General do Exército, contou com um grupo restrito de generais, alguns presencialmente e outros por videoconferência.
Ao fim do encontro, porém, Paulo Sérgio decidiu postergar sua decisão sobre o caso, usando do prazo que se estende até a semana que vem para concluir a apuração de transgressão disciplinar. Militares que acompanham os desdobramentos do assunto dizem que o comandante ainda não indicou qual será sua posição, mas a maioria dos generais defende a punição. As opções mais citadas são uma advertência verbal, a mais branda delas, que pode ser feita reservadamente, e uma repreensão por escrito, que tem de ser publicada em boletim interno do Exército.
Ao longo do dia, oficiais da ativa esperavam que Paulo Sérgio comunicasse logo sua decisão, em vez de adiar o desfecho. O general tinha dado sinais a auxiliares de que desejava encerrar o assunto o quanto antes. O cenário se alterou, porém, na terça-feira, 1, quando Bolsonaro nomeou Pazuello para um novo cargo de confiança no Palácio do Planalto, sem que houvesse aval do Exército.
O comandante do Exército escolheu, então, debater a situação de Pazuello com os demais generais de quatro estrelas e indicou que adotará uma posição conjunta, de forma a ter o respaldo de toda a cúpula verde-oliva. Apesar de ter aberto conversas, a conclusão do caso é de responsabilidade exclusiva de Paulo Sérgio, um ato monocrático, conforme previsto no regulamento disciplinar dos militares.
Bolsonaro já manifestou publicamente contrariedade à possibilidade de punição de Pazuello, que discursou ao seu lado, sobre um carro de som, em ato político no Rio, no último dia 23. O ex-ministro da Saúde e agora secretário de Estudos Estratégicos da Presidência adotou o mesmo argumento do presidente ao se explicar. A alegação é a de que não houve manifestação política porque Bolsonaro não está filiado a partido. A explicação, no entanto, não convenceu os demais generais.
Embora a reunião do Alto Comando tenha abordado outros temas, como a realização da Copa América, o assunto principal foi a situação de Pazuello. O ato de Bolsonaro, que abrigou o general em sua assessoria mais próxima no Planalto, foi interpretado por generais como uma manobra para reduzir ou mesmo eliminar as chances de punição. Segundo esse raciocínio, Pazuello agora deixou de ser um general à espera de uma função de comando no Exército e voltou a exercer atividades políticas de assessoramento presidencial.
Com informações do msn