Segundo a reportagem, entre os alvos da espionagem feita pela Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), estava a chanceler alemã Angela Merkel. O escândalo reavivou entre os europeus as polêmicas ocorridas em 2013, quando Edward Snowden revelou um esquema governamental de espionagem de líderes políticos de Washington.
Questionados pela emissora, nenhum dos órgãos envolvidos respondeu às acusações.
A investigação ainda revelou que a ministra da Defesa da Dinamarca, Trine Bramsen, foi informada da ação, batizada de Operação Dunhammer, em agosto do ano passado. Sem citar o caso específico, a política apenas declarou que “a interceptação sistemática de aliados próximos é inaceitável”.
Conforme a matéria exibida pela “DR”, a NSA obteve mensagens enviadas por SMS, áudios de conversas telefônicas, além de “dados de internet”, o que inclui chats, trocas de e-mails, buscas em navegadores e envio de mensagens entre políticos. Tudo teria sido auxiliado por membros da Inteligência Militar de Copenhague, conhecida pela sigla FE.
A reportagem ainda lembra que, quando Bramsen assumiu o cargo, houve a demissão do então diretor da FE, Lars Findsen, e o ex-diretor do órgão Thomas Ahrenkiel não recebeu o cargo de embaixador da Dinamarca em Berlim, conforme havia sido anunciado. À época, os motivos das punições não foram informados, apenas que eles tinham “ocultado informações essenciais” ao governo.
Reações – Após a veiculação da matéria, o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, afirmou aos jornalistas que “as questões de Inteligência são de competência nacional e cabe aos governos nacionais vigiarem os seus agentes”.
Sobre a atuação da atual vice-presidente da Comissão, Margrethe Vestager, que é da Dinamarca, Mamer afirmou que “não há eventos” que possam comprometer a representante enquanto ela estava no governo do país.
No entanto, os países afetados cobraram explicações dos dinamarqueses. O porta-voz da chanceler Merkel, Steffen Seibert, afirmou que o governo “está em contato com todos os interlocutores nacionais e internacionais interessados para ter um esclarecimento”.
Mesma postura da Suécia, que informou que pediu esclarecimentos para Copenhague.
“Nós pedimos informações completas sobre o incidente. Não o estamos dando por encerrado”, disse o ministro da Defesa, Peter Hultqvist, à emissora “SVT”. O político afirmou que considera a situação “muito grave” e que quer saber se há órgãos do governo local envolvidos nas atividades ilegais.
A França, por meio do subsecretário de Assuntos Europeus, Clément Beuane, afirmou que esses são “fatos graves”. “Entre aliados, mesmo que não somos ingênuos, deve haver confiança, um mínimo de cooperação”, disse à rádio “France Info”.
“A nossa prioridade é verificar se os nossos parceiros dinamarqueses cometeram erros ou têm responsabilidades na cooperação com os serviços norte-americanos. Eu não estou apto a dizer, mas é preciso verificar, antes de tudo, porque há uma conexão com os dinamarqueses”, acrescentou.
Com informações da ANSA