A fim de conter crise demográfica, Partido Comunista aumenta de dois para três o número de filhos por casal e promete medidas de apoio a famílias. Política do filho único foi abolida em 2016.

O Partido Comunista da China anunciou nesta segunda-feira (31/05) que aumentará de dois para três o limite de filhos por casal, numa tentativa de aumentar a taxa de natalidade e desacelerar o envelhecimento da população, que pressiona a economia do país.

A mudança foi anunciada três semanas após a divulgação dos dados do censo do país, que mostraram que a população chinesa cresceu no ritmo mais lento desde os anos 1960.

Na década de 1980, o governo do país impôs um controle de natalidade massivo em nome da preservação de recursos escassos para a sua economia em expansão. A atual queda na taxa de natalidade é vista agora, no entanto, como grande ameaça ao progresso econômico e à estabilidade social no país asiático, devido à inversão da pirâmide demográfica com o envelhecimento da população.

Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, o Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, liderado pelo presidente Xi Jinping, decidiu introduzir “medidas para lidar ativamente com o envelhecimento da população”. Entre as medidas está a liberação para casais terem até três filhos, além de políticas de apoio à família, que não foram detalhadas.

O comitê também decidiu aumentar a idade mínima para a aposentadoria, e dessa forma manter mais ativos no mercado de trabalho, além de melhorar os sistemas de previdência e saúde para os idosos.

Apesar de ter abolido em 2016 a política do filho único, a taxa de natalidade está caindo no país. Os casais permanecem reticentes em ter mais filhos devido aos elevados custos de vida e à escassez de moradias adequadas. Já as mulheres preferem adiar a gravidez por causa da discriminação de empresas contra as mães e do temor de que um filho possa prejudicar suas carreiras.

Envelhecimento sem enriquecimento

A China, junto com a Tailândia e alguns outros países asiáticos em desenvolvimento, enfrenta o risco de envelhecer antes de enriquecer. Alguns especialistas consideram que o país asiático enfrenta uma “bomba-relógio demográfica”.

Japão, Alemanha e outros países ricos enfrentam o mesmo desafio de sustentar populações envelhecidas com menos trabalhadores, mas podem recorrer ao investimento em fábricas, tecnologia e ativos estrangeiros. A China, ao contrário, continua sendo um país de renda média, com agricultura e uma indústria que requer muita mão de obra.

Era esperado que a China atingisse seu pico populacional no final desta década e o número começasse então a diminuir, mas os dados do censo indicam que a inversão da pirâmide demográfica pode ocorrer antes do previsto. Em 2020, a taxa de natalidade ficou em 1,3 nascimento por mãe, bem abaixo dos 2,1 necessários para manter o tamanho da população.

Os números do censo mostraram uma queda de cerca de 7% no grupo etário entre 15 e 59 anos, que é considerado em idade ativa. Já o grupo populacional de maiores de 60 anos cresceu mais de 5% no período entre 2011 e 2020.

Os dados mais recentes colocam a China mais perto de ser ultrapassada pela Índia como o país mais populoso do mundo, o que deve acontecer até 2025. A população indiana no ano passado foi estimada pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU em 1,38 bilhão. A agência afirma que a Índia deve crescer 0,9% ao ano até 2025.

Com informações da DW.COM