O primeiro momento de mais tensão ocorreu quando Calheiros questionou se as falas de Bolsonaro de que não iria tomar a vacina ou de efeitos adversos inexistentes impactou a campanha de imunização. A pergunta foi repetida por diversas vezes, pois Wajngarten se negava a dar uma resposta objetiva, ressaltando que “para cada grupo-alvo, ela impacta de maneira diferente”.
O presidente da CPI, Omar Aziz, chegou a interferir pedindo maior objetividade do ex-secretário e uma discussão com os demais senadores começou. Após os ânimos se acalmarem, o relator começou a questionar Wajngarten sobre a entrevista dada recentemente à revista “Veja”, em que o ex-secretário fala de “incompetência e ineficiência” do Ministério da Saúde.
Wajngarten se contradisse, por diversas vezes, as declarações dadas para o periódico, o que fez tanto Calheiros como Aziz perderem a paciência.
“O senhor Fabio está aqui por conta da entrevista à Veja porque se não a gente nem lembrava que o senhor existia”, chegou a dizer Aziz. Já o relator acusou Wajngarten “de exagerar nas mentiras”.
Nas poucas informações dadas, o ex-secretário negou que a Pfizer tenha oferecido 70 milhões de doses, mas “apenas umas 500 mil” e confirmou que “até 9 de novembro ninguém do Ministério da Saúde” havia respondido a carta enviada pela farmacêutica em julho.
Na entrevista, o ex-secretário disse que “se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina contra a Covid teriam chegado no fim do ano passado”.
Outro momento tenso foi quando Wajngarten negou que tenha documentos em sua posse e houve um bate boca com Calheiros. Em outro ponto de sua fala, ele afirmou que “nunca participou de negociações da Pfizer” e negou que “tenha falado de valores”.
Novamente, na entrevista da Veja, Wajngarten destacou que “os diretores da Pfizer foram impecáveis. Se comprometeram a antecipar entregas, aumentar os volumes e toparam até mesmo reduzir o preço da unidade, que ficaria abaixo dos 10 dólares. Só para se ter uma ideia, Israel pagou 30 dólares para receber as vacinas primeiro”.
O clima esquentou de vez quando o ex-secretário voltou a negar as informações da entrevista, de que não teria falado em “incompetência e ineficiência” no Ministério da Saúde e elogiou o ex-ministro Eduardo Pazuello “foi corajoso de assumir a pasta no pior momento da história do Brasil e talvez da história do mundo”.
Ao ser questionado, ele desconversou e disse que incompetência é “ficar dependente da burocracia”. “A não resposta da carta, o não retorno na velocidade adequada, a gente tem que se reinventar no meio da pandemia”, acrescentou.
Na retomada da sessão, Aziz alertou que, se Wajngarten mantivesse a postura, a oitiva seria encerrada e ele seria convocado novamente, “mas na condição de investigado”.
Com informações da ANSA