Suprimentos médicos internacionais geralmente precisam de mais tempo para serem registrados, de acordo com uma porta-voz da Petrovax, que conduz um ensaio clínico da vacina chinesa na Rússia. O Ministério da Saúde da Rússia não respondeu a mensagens e ligações com pedidos de comentário. A CanSino não respondeu durante o feriado na China.
Rússia e China têm comercializado agressivamente suas vacinas no exterior, enquanto governos ocidentais enfrentam acusações de acumular imunizantes às custas de países mais pobres. Em um sinal de que os governos de Moscou e Pequim têm usado as vacinas com fins políticos, nenhum dos dois autorizou qualquer imunizante estrangeiro.
Depois de receber sua primeira dose no mês passado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse à TV estatal: “Posso dizer com segurança que nossas vacinas são as melhores”, em referência às três vacinas russas disponíveis, sem divulgar a vacina que escolheu. “Em princípio, qualquer uma delas pode ser tomada, estão no nível das melhores do mundo”, afirmou.
A Petrovax, que terminou de vacinar os participantes para um ensaio de fase 3 da CanSino na Rússia no ano passado, havia dito que sua expectativa era de que o governo russo emitiria a primeira autorização internacional em janeiro. No entanto, o Ministério da Saúde solicitou recentemente mais informações, disse a porta-voz da empresa.
Uso emergencial
As exigências diferem da abordagem usada para as três vacinas russas, que foram aprovadas para uso emergencial antes de iniciarem os ensaios de estágio final.
Dados preliminares mostram que a vacina da CanSino tem taxa de eficácia de 65,7% e foi aprovada para uso na China, México, Paquistão e Hungria.
A Petrovax, controlada por Vladimir Potanin, o homem mais rico da Rússia, está investindo 2 bilhões de rublos (US$ 26 milhões) em uma nova linha de produção para oferecer o imunizante na Rússia e para exportação.
Mesmo com a Rússia tendo aumentado a produção de suas opções domésticas, a campanha de vacinação do país está atrasada, o que gera temores de uma terceira onda de Covid-19. Apenas cerca de 4,7% da população recebeu a primeira dose da vacina, de acordo com o jornal RBC. A proporção se compara a 12% na Turquia, 32% nos EUA e quase metade no Reino Unido.
A Rússia não precisa registrar uma vacina estrangeira, porque já tem vários imunizantes disponíveis, de acordo com Dmitry Kulish, biólogo e professor da Universidade Skoltech, de Moscou, que já trabalhou no setor farmacêutico.
“As pessoas devem saber que estão recebendo um bom produto e não se preocupar tanto com escolhas”, disse Kulish.
Com informações Bloomberg