O governo paquistanês ordenou à autoridade de regulamentação das comunicações que bloqueie nesta sexta-feira, por algumas horas, as redes sociais e os aplicativos de mensagens no país, após vários dias de manifestações violentas antifrancesas.Em uma notificação enviada à Autoridade de Telecomunicações Paquistanesa (PTA), o ministério do Interior pede um “bloqueio completo” do Twitter, Facebook, WhatsApp, YouTube e Telegram até as 15h00 locais (8h00 de Brasília).

O ministério não explicou o motivo da proibição. Mas a medida é adotada após a recomendação feita pela embaixada francesa para que os cidadãos e empresas do país abandonem temporariamente o Paquistão, devido às “graves ameaças” que pesam sobre os interesses franceses.

O anúncio aconteceu após vários dias de manifestações violentas em Lahore (leste) e Karachi (sul), as duas maiores cidades do país, assim como na capital Islamabad (norte), estimuladas pelo partido islamita radical Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP), para exigir a expulsão do embaixador da França.

Os partidos políticos utilizam frequentemente as redes sociais no Paquistão para mobilizar os militantes. Talvez as autoridades temam que o TLP utilize a oração de sexta-feira, que leva multidões de fiéis às mesquitas, para estimular o descontentamento de seus simpatizantes.

A detenção, na segunda-feira passada em Lahore, do líder do TLP, Saad Rizvi, horas depois de convocar uma passeata em Islamabad para 20 de abril, com o objetivo de pedir a expulsão do embaixador francês, provocou grande irritação entre os simpatizantes do partido.

O sentimento antifrancês é grande no Paquistão desde que o presidente Emmanuel Macron defendeu o direito de publicação de charges em nome da liberdade de expressão.

A defesa aconteceu durante uma homenagem a um professor assassinado em 16 de outubro na região de Paris, depois de exibir desenhos satíricos em uma aula, após a nova publicação de representações do profeta Maomé pelo semanário francês Charlie Hebdo.

O islã, em sua interpretação estrita, proíbe qualquer representação de Maomé.

O governo do primeiro-ministro Imran Khan tentou durante vários anos, em vão, controlar o TLP. Na quarta-feira foi mais longe e anunciou a proibição do partido, que classificou de grupo terrorista.

Além disso, a segurança foi reforçada nas imediações da embaixada da França em Islamabad.

As manifestações organizadas pelo TLP no início da semana foram duramente reprimidas pela polícia.

O TLP, partido extremista influente que explora a questão da blasfêmia, tem grande capacidade de mobilização e, no passado, conseguiu bloquear estradas por vários dias.

As declarações de Macron, de que a França não renunciaria às charges, incluindo as do profeta Maomé, provocaram uma onda de manifestações no Paquistão, convocadas pela TLP, e em outros países muçulmanos, além de pedidos de boicote de produtos franceses.

Com informações da AFP