(ANSA) – A Justiça da Itália emitiu nesta segunda-feira (12) um mandato de prisão contra um corretor financeiro envolvido na compra de um edifício residencial em Londres por US$ 200 milhões com recursos da Secretaria de Estado do Vaticano.

O mandato contra Gianluigi Torzi foi emitido pelo juiz de inquérito preliminar de Roma Corrado Cappiello, que também determinou a proibição de exercício profissional para os contadores Giacomo Capizzi, Alfredo Camalò e Matteo Del Sete, acusados pelo Ministério Público de emitir notas frias.

Torzi já havia sido preso pelo Vaticano em junho do ano passado e estava em regime de detenção domiciliar. Ele é suspeito de ter recebido ilegalmente 15 milhões de euros pela compra do edifício em Londres.

Segundo investigações da Guarda de Finanças italiana, parte desse dinheiro – 4,5 milhões de euros – teria sido usada para comprar ações na Bolsa de Valores de Milão, investimentos que teriam feito o corretor lucrar 750 mil euros.

Além disso, ele teria montado um esquema de emissão de notas frias com Capizzi, Camalò e Del Sete para fraudar o Fisco italiano. Torzi também é investigado em outro inquérito por falência fraudulenta.

“Parece evidente que o investigado, mesmo em prisão domiciliar, possa perpetrar novas condutas criminosas semelhantes, seguindo os mesmos esquemas já estabelecidos e continuando a se servir de laranjas e contadores para atrapalhar a atividade de busca por provas”, disse o juiz Cappiello em sua decisão.

A compra do edifício residencial em Londres é alvo de um inquérito no Vaticano que já culminou na renúncia do poderoso cardeal Angelo Becciu ao cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e aos direitos do cardinalato, em setembro passado.

Na época da aquisição, Becciu era o “número 2” na Secretaria de Estado do Vaticano, principal dicastério da Cúria Romana. A suspeita é de que o imóvel tenha sido comprado com dinheiro do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação de donativos da Igreja Católica, mas o cardeal nega.

Segundo Becciu, o prédio foi adquirido com recursos de um fundo da Secretaria de Estado que “precisava crescer”.