AstraZeneca/Oxford, a Alta Autoridade de Saúde da França (HAS) recomenda a administração de uma outra vacina, de RNA mensageiro da Pfizer/BioNTech ou da Moderna, para pessoas com menos de 55 anos e que já receberam uma dose do imunizante anglo-sueco.A decisão ocorre após casos raros de trombose registrados em algumas pessoas vacinadas com o imunizante da AstraZeneca na Europa. “Sabemos que uma única dose de vacina não é suficiente para garantir imunidade a longo prazo contra a Covid-19. Portanto, foi necessário tomar uma decisão sobre a vacina administrada na segunda dose. E decidiu-se usar uma vacina de RNA”, explicou Jean-Daniel Lelièvre, chefe do departamento de doenças infecciosas do hospital Henri-Mondor em Créteil e membro do HAS.

A medida foi confirmada pelo ministro da Saúde francês, Olivier Véran. “É importante dizer que não recomendamos a vacina da AstraZeneca para quem tem menos de 55 anos, enquanto esperamos para ter mais informações. Portanto, se você recebeu uma primeira injeção e tem menos de 55 anos, outra vacina de RNA mensageiro lhe será oferecida, 12 semanas após a primeira injeção”, explicou o ministro.

As autoridades francesas haviam suspendido essa vacina para aqueles com menos de 55 anos no dia 19 de março. Antes, no entanto, “quase 600 mil franceses”, incluindo profissionais de saúde, haviam recebido a primeira dose, injetada desde o início de fevereiro no país. “Faço parte dessa população”, lembrou Véran, que tem 41 anos e foi vacinado em 8 de fevereiro, por ser médico neurologista.

França chega a 10 milhões de vacinados

Somadas todas as vacinas, a França superou o número de 10 milhões de primeiras injeções feitas contra a Covid-19. Um alcance simbólico, mas ainda muito distante da proteção total diante da epidemia que continua sobrecarregando as unidades de terapia intensiva do país.

Iniciada em 27 de dezembro, a campanha de vacinação na França foi marcada, primeiramente, por um atraso e depois abalada, como em outros países europeus, pela redução das entregas do laboratório AstraZeneca e questionamentos sobre os efeitos colaterais do imunizante.

Em 2 de fevereiro, logo após a sua autorização no território francês, a vacina da AstraZeneca foi reservada, inicialmente, para menores de 65 anos, por falta de dados sobre sua a eficácia em idosos. Um mês depois, o seu uso foi estendido a todas as idades. Porém, em meados de março, a vacina foi suspensa, alguns dias após relatos na Europa de tromboses, ainda que em casos raros e atípicos de coágulos de sangue. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reconheceu na quarta-feira (7) que eles estavam relacionados à AstraZeneca.

Em meados de março, a França decidiu injetar esse imunizante apenas em pessoas com mais de 55 anos, porque essas tromboses foram observadas principalmente em indivíduos mais jovens.

Outros países

A desconfiança em relação ao produto levou outros países a adotarem medidas semelhantes. As Filipinas suspenderam a utilização da vacina da AstraZeneca em pessoas com menos de 60 anos, enquanto a Austrália suspendeu a vacinação para quem tem menos de 50 anos.

Já Hong Kong confirmou o cancelamento definitivo do pedido de vacinas junto ao laboratório anglo-sueco. O território prefere vacinar seus 7 milhões e meio de habitantes com os produtos da Pfizer/Biontech e da chinesa Sinovac.

A AstraZeneca é reservada para pessoas com mais de 30 anos no Reino Unido, 60 na Alemanha e 65 na Suécia.