A decisão do Irã de avançar para um enriquecimento a 60% “é extremamente preocupante do ponto de vista da não proliferação nuclear e vai contra o espírito das negociações em andamento em Viena, porque não existe nenhuma justificativa civil credível para uma decisão deste tipo”, acrescentou Stano.
No entanto, ao se aproximar do 90% necessário para um uso militar, a República Islâmica “exerce pressão sobre todos”, resume um diplomata europeu.
Depois de um bom início das negociações na semana passada, “de fato isso complica as coisas”, admitiu este diplomata à AFP.
“Nós levamos muito a sério este anúncio provocativo” de Teerã, disse na quarta-feira em Bruxelas o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken. “Tenho que dizer que este passo levanta dúvidas sobre a seriedade do Irã nas negociações nucleares”, acrescentou.
– “Única solução viável” –
Como convém reagir? Esta é a pergunta presente nos bastidores.
Ultrapassar o limite sem precedentes de 60% é uma “resposta ao terrorismo nuclear” de Israel, depois da explosão de domingo na fábrica de enriquecimento de Natanz, alega Teerã, que acusa abertamente Israel de ter atacado a fábrica.
Alemanha, França e Reino Unido alertaram contra uma escalada, “por parte de qualquer país” e denunciaram uma “evolução grave (…) contrária ao espírito construtivo” das negociações.
A Rússia prefere ver como um sinal de que é preciso agir rápido.
“Isso demonstra que o restabelecimento do JCPOA” – sigla em inglês que designa o acordo alcançado em 2015 na capital austríaca – “é a única solução viável” para retomar o programa nuclear iraniano, escreveu no Twitter o embaixador russo para as organizações internacionais em Viena, Mijaíl Uliánov.
O Irã repetiu na quarta-feira: para conter esta “espiral perigosa”, os Estados Unidos devem levantar as sanções impostas pelo ex-presidente americano Donald Trump, que se retirou unilateralmente do acordo em 2018.
O JCPOA permitiu aliviar as medidas de punição contra a República Islâmica em troca de uma drástica redução de suas atividades nucleares, sob o controle da ONU, para garantir que o país não desenvolva a bomba atômica.
Com informações da AFP