O estudo, feito pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), ligado à universidade, prevê três cenários. O número de 562,8 mil mortes refere-se ao cenário mais provável, no qual vacinas são distribuídas sem atrasos, governos determinam novas medidas restritivas com duração de seis semanas toda vez que o número de mortes diárias ultrapassar 8 casos por milhão de habitantes (hoje, esse índice chega a 13), vacinados deixam de usar máscaras somente três meses após a segunda dose, entre outras variáveis.
Em um cenário mais positivo, que considera os mesmos pontos do anterior, mas com a diferença de que 95% da população estaria usando máscaras, o número de óbitos estimado cai para 507,7 mil, o que ainda representaria um salto expressivo de 53,7% no número de vítimas, mas também 55 mil vidas salvas pelo simples uso da proteção facil. A mudança de comportamento, porém, não deverá ser fácil já que a estimativa do IHME é de que, hoje, somente 69% dos brasileiros usem máscara sempre que saem de casa.
Já no pior cenário, no qual variantes mais transmissíveis se espalham por locais sem registro de novas cepas e pessoas vacinadas deixam de usar máscaras apenas um mês após a segunda dose e aumentam sua mobilidade a níveis pré-pandemia, o número de mortes estimado é de 597,7 mil.Os pesquisadores do IHME estimam ainda que o pico de mortes diárias do Brasil deve ocorrer em 24 de abril, quando o País pode alcançar 3.930 óbitos. De acordo com o instituto, só a partir daí os números começariam a baixar, mas, pela projeção do cenário mais provável, ainda continuariam acima de mil em julho. O modelo do IHME é o que tem embasado as políticas de saúde da Casa Branca.
Crescimento de mortes projetado para o Brasil é 7 vezes maior que o estimado para os EUA
O Brasil tem hoje o segundo maior número de vítimas do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contabiliza 554,5 mil mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.
A previsão para os EUA é que, até julho, o número de óbitos cresça de forma muito menos acelerada do que no Brasil, alcançando 609,1 mil registros. Isso representaria um aumento de 9,8%.
Enquanto o Brasil vive o pior momento da pandemia, com recorde de mortes e hospitais colapsados, os EUA começam a retomar a normalidade graças ao seu acelerado programa de vacinação. De acordo com dados do site Our World in Data, vinculado à Universidade de Oxford, 31% da população americana já recebeu ao menos uma dose do imunizante contra covid.
As projeções pessimistas para o Brasil ocorrem em um momento no qual o País, ao contrário dos EUA, sofre com a escassez de doses e tem encontrado dificuldade para imprimir um ritmo mais acelerado a sua campanha de vacinação, com apenas 9% da população já tendo recebido ao menos a primeira dose.
Já a quantidade de pessoas que foram inoculadas com as duas doses da vacina é de 2,52%, segundo dados mais recentes compilados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às Secretarias Estaduais da Saúde.
Segundo a epidemiologista Ethel Maciel, apenas em abril o País pode registrar 100 mil mortes pela doença e, caso as previsões se confirmem, a tendência é que o Brasil ultrapasse os Estados Unidos em número de mortes até agosto.
“Acaba de sair a projeção atualizada da pandemia pela Universidade de Washington. Resumo do Brasil: 562.863 mortos até o dia 1° de julho, cem mil só neste mês de abril. Nesse ritmo, devemos superar os Estados Unidos em números absolutos em agosto. Triste!”, escreveu ela em sua conta no Twitter.
Com informações do Estadão