Os aliados do principal crítico do Kremlin, Alexei Navalny, atualmente detido e em greve de fome, convocaram os russos, neste domingo (18), a irem às ruas em 21 de abril para “salvar a vida” do opositor.De acordo com seus partidários, Navalny está gravemente doente.”Não resta mais tempo, este é o momento para agir. Não se trata apenas da liberdade de Navalny, mas de sua vida. Neste momento, estão matando Navalny em uma colônia penitenciária e não podemos esperar mais”, escreveu no Facebook o aliado e mão direita do opositor, Leonid Volkov.

Para ele, a manifestação de quarta-feira pode se transformar em uma batalha decisiva na luta contra o “mal absoluto”.

“Entre em contato com seus conhecidos, e vão para as praças centrais”, escreveu Volkov, diretor dos escritórios regionais de Navalny, acrescentando que os protestos de rua de quarta-feira devem ser multitudinários.

“Não acredite nisso que nada depende de nós”, insistiu.

Esta convocação foi feita depois de os médicos de Navalny terem afirmado no Facebook, no sábado (17), que a saúde do político de oposição se deteriorou rapidamente e que, “a qualquer momento”, pode sofrer uma parada cardíaca.

“Nosso paciente pode morrer a qualquer momento”, disse no Facebook um de seus médicos, o cardiologista Yaroslav Ashikhmin.

Segundo ele,  Navalny apresenta níveis elevados de potássio e precisa ser transferido para uma unidade de terapia intensiva.

Em 31 de março, o mais conhecido opositor de Putin entrou em greve de fome, exigindo tratamento médico adequado para sua dor nas costas e para a dormência nas mãos e nas pernas.

– Reação da UE e dos EUA

A União Europeia (UE) manifestou neste domingo (18) que está “profundamente preocupada” com as informações sobre a saúde de Navalny e pediu sua “libertação imediata e incondicional”.

De acordo com um comunicado divulgado pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, o assunto está na ordem do dia de uma videoconferência dos ministros das Relações Exteriores do bloco, nesta segunda-feira (19).

Esta informação já havia sido antecipada hoje pelo ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, em entrevista jornal alemão Bild.

Também neste domingo, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, havia dito mais cedo que o governo está “extremamente preocupado” com o estado de saúde do opositor russo.

“A situação de Navalny é muito preocupante”, disse o chanceler francês, em entrevista à emissora de televisão pública France 3.

O chefe da diplomacia francesa também mencionou a ameaça de novas sanções europeias, garantindo que a UE acompanha o caso com atenção.

“Já tomamos medidas”, acrescentou, em declarações à mesma emissora. “O pacote de sanções é significativo, mas pode haver outras”, frisou.

“Desejo que sejam tomadas medidas para garantir a integridade física de Navalny, mas também sua libertação”, acrescentou.

“Nisto há uma enorme responsabilidade do presidente Putin”, completou Le Drian.

Também houve reação do outro lado do Atlântico neste domingo.

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, advertiu que a Rússia enfrentará “consequências”, em caso de morte de Navalny.

“Estamos vendo uma variedade de custos de diferentes (medidas) que tomaríamos. Não vou anunciá-las publicamente neste momento, mas comunicamos que haverá consequências, se Navalny morrer”, disse Sullivan à rede americana CNN.

Em entrevista neste domingo à rede BBC, o embaixador russo em Londres, Andrei Kelin, garantiu que as autoridades russas “não deixarão” Navalny “morrer na prisão”.

“É claro que não se deixará que ele morra na prisão, mas posso dizer que o senhor Navalny está se comportando como um ‘hooligan’ (‘torcedor violento’, em tradução livre)”, afirmou Andrei Kelin.

Navalny, de 44 anos, foi preso em fevereiro passado para cumprir uma pena de dois anos e meio de prisão por malversação de fundos. Ele e seus partidários denunciam a sentença, que seria fruto de um julgamento político contra ele. Encontra-se em uma colônia penal, em Pokrov, a cerca de 100 km ao leste de Moscou.

Com informações do AFP