No início da 65ª sessão da Comissão, os negociadores tinham 50 páginas e 80 parágrafos sobre a mesa. No final, o texto acabou ficando com 24 páginas e 64 parágrafos. Seções inteiras da declaração dedicadas ao assédio sexual, igualdade de gênero ou defesa dos direitos das meninas desapareceram, segundo a agência de notícias AFP, que teve acesso a diferentes versões do texto.
Rússia atrapalha negociações
Mais explícito, outro diplomata europeu que pediu anonimato afirmou que “a Rússia desempenhou um papel excepcionalmente preocupante nas negociações”, sem querer chegar a acordos. “O resultado do baixo denominador comum de hoje mostra que o retrocesso dos direitos das mulheres continua na ONU e que a Rússia está fazendo tudo o que pode para minar o progresso na questão”, disse.
Durante a sua intervenção perante a Assembleia Geral da ONU, a delegação russa limitou-se a assinalar que as negociações foram conduzidas “de forma respeitosa e inclusiva”. A questão da proteção das mães poderia ter sido melhor defendida, acrescentou Moscou.
Enquanto o texto original criticava a extensão dos ataques a mulheres e meninas, incluindo assédio sexual, a versão final indica que este último “em espaços públicos e privados, incluindo escolas e locais de trabalho, assim como nos contextos digitais, leva a um ambiente hostil”.
Sem ser muito agressiva na sua formulação, a Comissão também “reconhece que a desigualdade entre os sexos continua a traduzir-se em desequilíbrios de poder entre mulheres e homens em todas as esferas da sociedade”.
Com informações da RFI