Vacina de Oxford tem efetidade comprovada em idosos em testes feitos no Reino Unido (Foto: Reprodução)
A alta eficácia com apenas uma dose é um dos motivos pelo qual Ricardo Azevedo defende a vacinação de idosos com a vacina de Oxford.
O professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ricardo Azevedo, afirma que muitas mortes por covid-19 poderiam ser evitadas no estado com apenas um gesto simples dos gestores de saúde: destinar as vacinas recebidas aos públicos certos. Ricardo é Doutor em Medicina e Mestre em Saúde Pública e defende que a vacina de Oxford (Astrazeneca) seja destinada a idosos, enquanto a Coronavac pode ficar para os profissionais de saúde mais jovens.
Em entrevista ao ClickPB o professor explicou que ainda não há muitos estudos acerca da eficácia da Coronavac em idosos. No caso da vacina de Oxford, porém, já há estudos que mostram 94% de efetividade em redução de hospitalizações de idosos acima de 80 anos, de 28 a 34 dias com uma única dose do imunizante. Os dados são da Escócia, onde 5,4 milhões de idosos nesta faixa etária foram vacinados.
O ministro da Saúde do Reino Unido também anunciou nessa segunda-feira (1) uma redução de mais de 90% nas internações de idosos acima de 70 anos que foram vacinados com apenas uma dose dos imunizantes da Pfizer e da Astrazeneca na Grã-Bretanha. Os resultados da Astrazeneca são ligeiramente melhores.
A alta eficácia com apenas uma dose é outro motivo pelo qual Ricardo Azevedo defende a vacinação de idosos com a vacina de Oxford. Segundo ele, a maior eficácia da Coronavac é obtida cerca de 15 dias após a segunda dose da vacina, o que daria um prazo de cerca de 45 dias entre a primeira dose e a imunidade.
O professor tem apontado que mortes de idosos poderiam ser evitáveis se o plano de vacinação fosse seguido conforme essas diretrizes. Segundo ele, na imagem acima os óbitos marcados em amarelo seriam possivelmente evitáveis e os marcados em verde definitivamente evitáveis se esse idosos tivessem sido vacinados com o imunizante da Astrazeneca entre 25 e 29 de janeiro.
Menor quantidade não é problema
Embora até o momento a vacina de Oxford tenha sido distribuída em quantidades bem menores do que a Coronavac, o professor acredita que isso não seria um problema, já que a população idosa da Paraíba é pequena. ”Seria uma estratégia melhor destinar uma vacina que tem uma quantidade menor para uma população menor, e a Coronavac poderia ser destinada aos profissionais de saúde mais jovens, que têm um sistema imune mais robusto”, comentou.
Ricardo Azevedo chegou a protocolar uma representação no Ministério Público Federal (MPF) solicitando que o plano de vacinação fosse alterado para funcionar dessa forma. O pedido foi feito no dia 24 de janeiro, antes mesmo da chegada das primeiras doses de vacina. O caso está sendo avaliado em Brasília.
Enquanto isso, alguém parece ter pensado na mesma coisa em Pernambuco. No estado vizinho, os idosos têm sido vacinados com o imunizante da Astrazeneca e a taxa de óbitos vem caindo, conforme pesquisas feitas pelo professor. Ele não tem certeza, porém, se os colegas pernambucanos fizeram essa opção de forma consciente ou se foi uma coincidência. ”Tenho falado com alguns colegas médicos de lá e eles não estavam cientes disso”, contou.
Coronavac não é problema
Ricardo Azevedo explicou que a vacina Coronavac não é ruim e tem se mostrado segura. A preferência pela vacina de Oxford para os idosos é porque esse imunizante já tem mais estudos comprovando a efetividade para este público e também a resposta imune mais rápida e com apenas uma dose.